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Saddam Hussein, 69, é enforcado no Iraque
Ex-ditador foi condenado em 5 de novembro pela morte de 148 xiitas em 1982
Mídia não pôde presenciar
o ato, mas receberá fotos do
cadáver, que será sepultado
em local sigiloso, afirma um
assessor do governo local
DA REDAÇÃO
O ex-ditador iraquiano Saddam Hussein, 69, foi enforcado
na madrugada de hoje em Bagdá, após ter sido condenado em
novembro pela morte de 148
xiitas, em 1982, confirmou o Ministério do Exterior do país.
Uma corte de apelação manteve a sentença de morte na
terça-feira, e o governo iraquiano acelerou os trâmites para
enforcá-lo até o final do ano e
antes do feriado religioso de
Eid al Adha, que começa hoje,
coincidindo com a peregrinação anual a Meca.
A execução ocorreu pouco
antes da 1h da madrugada no
Brasil, o correspondente a próximo das 6h, em Bagdá.
O governo iraquiano manteve os detalhes da execução em
sigilo, em meio a preocupações
quanto a uma onda ainda maior
de violência por parte de seus
antigos seguidores.
Hora antes da execução, advogados de Saddam entraram
com recurso num tribunal
americano para impedir que
seu cliente fosse entregue ao
governo do Iraque.
Líderes curdos também tentaram adiar a execução para
que o ex-ditador também fosse
julgado pela acusação de genocídio contra a população curda
no norte do país.
A condenação de Saddam, no
dia 5 de novembro, foi elogiada
pelo presidente americano,
George W. Bush, como um
triunfo para a democracia que
ele prometeu impulsar no Iraque após a invasão, há quase
quatro anos.
A última tentativa de adiar o
enforcamento foi nos EUA, onde os advogados de Saddam
tentaram uma ação. Mas a juíza
distrital Colleen Kollar-Kotelly
disse que Saddam não estava
sob custódia americana e, portanto, fora de sua jurisdição.
A polícia iraquiana e militares americanos reforçaram
desde a madrugada de ontem a
segurança em Bagdá e em regiões com predominância sunita, grupo religioso do qual Saddam fazia parte. As medidas
procuravam evitar manifestações de revolta, tão logo o enforcamento fosse anunciado.
O "New York Times" afirmou
ontem que o momento da execução não seria previamente
revelado pelo temor de atos de
violência. Nowaffak Rubaie, assessor de segurança interna do
governo iraquiano, disse que os
jornalistas e câmeras de televisão não seriam convidados.
O enforcamento, adiantou
ainda, seria registrado em videoteipe, mas "é pouco provável" que as imagens sejam tornadas públicas.
Rubaie disse ao "Times", de
Londres, que o corpo do ex-ditador será sepultado num local
sigiloso e que apenas no futuro
o governo estudaria a possibilidade de entregá-lo à família.
Disse ainda que serão divulgadas apenas fotografias do cadáver, para comprovar que o
enforcamento ocorreu.
A agência de notícias Reuters
disse que o governo americano
tinha interesse em que o enforcamento se desse rapidamente.
Saddam Hussein foi ditador
entre julho de 1979 e abril de
2003, tendo sido capturado pelos Estados Unidos em dezembro daquele ano. Foi condenado no último 5 de novembro,
pela morte de 148 xiitas, em
1982, num dos episódios de crimes contra a humanidade pelos quais vinha sendo processado.
Ele estava preso em Camp
Cropper, prisão de segurança
máxima, localizada num setor
do aeroporto de Bagdá sob controle militar americano.
Ele chegou ao poder depois
de um golpe de Estado. No ano
seguinte, invade o Irã, com o
qual o Iraque mantinha uma
velha disputa fronteiriça. A
guerra, que durou até 1988,
provocou a morte de cerca de
1,5 milhão de pessoas e deixa
uma dívida externa de US$ 30
bilhões para o Iraque.
Dois anos depois após o fim
do conflito com o Irã, Saddam
ataca o Kuait, provocando a
primeira Guerra do Iraque. A
coalizão liderada pelos EUA do
presidente George Bush restaura as fronteiras originais,
mas não o afasta do poder.
Em 2003, sob a falsa alegação
de que o Iraque possuía um arsenal de armas de destruição
em massa, o presidente George
W. Bush comanda um ataque
ao regime de Saddam, deposto
em abril daquele ano.
Em dezembro de 2003, Saddam foi capturado por soldados
americanos na região de Awja,
onde nasceu. Desde então, enfrentou um processo judicial
que resultou na condenação à
morte pela morte de xiitas que
estariam envolvidos num plano
para assassiná-lo.
Mais tropas
O presidente George W.
Bush definiu anteontem um
plano que aumenta em 20 mil o
número de combatentes americanos no Iraque. Analistas
acreditam que Bush considerava pouco conveniente anunciar
seu novo plano com o enforcamento de Saddam.
Com agências internacionais
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