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EUA iniciam prévias sem favoritos
Barack Obama encosta em Hillary Clinton, e cinco republicanos chegam embolados na reta final
Objetivo dos candidatos é se destacar até a Super Terça-Feira, que pode ser decisiva para determinar os dois concorrentes majoritários
Jim Young/Reuters
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Barack Obama encosta em Hillary Clinton, e cinco republicanos chegam embolados na reta final |
SÉRGIO DÁVILA
ENVIADO ESPECIAL A DES MOINES (IOWA)
Quando mandou um e-mail
para o site oficial da campanha
de Barack Obama, o sueco Petter Odmand imaginou que sua
mensagem cairia no vácuo. Afinal, apesar de no texto se oferecer como voluntário para a
campanha do pré-candidato
democrata, o cientista político
estava em Estocolmo, a vinte
horas e duas trocas de avião de
Des Moines, no Iowa.
Poucos dias depois, para sua
surpresa, recebeu a resposta do
coordenador dos voluntários
do senador no Estado: não só
ele era bem vindo como já tinha
função, bater de porta em porta
e convencer os locais a, no dia 3
de janeiro, sair para votar. É o
que ele tem feito desde então,
pagando de seu próprio bolso e
passando mais frio nas congeladas plantações de milho desse estado do Meio-Oeste do que
em seu país de origem.
"Acho fascinante a possibilidade de os EUA elegerem seu
primeiro presidente negro",
disse o cientista político à Folha. Como Odmand, há voluntários do país e do mundo inteiro se dedicando às horas que
antecedem o início oficial da
sucessão de George W. Bush. É
quando republicanos e democratas se reúnem, para, num
processo antiquado e complicado (leia texto nessa página),
escolher em quem os delegados
daqui devem votar nas convenções partidárias de agosto e setembro. Eleição mesmo, com
voto, só em novembro.
Sem precedentes
A quatro dias do evento, essa
já é a corrida presidencial mais
indefinida da história moderna
dos EUA. No lado da oposição
democrata, a liderança até então inconteste nas pesquisas de
opinião da senadora e ex-primeira-dama Hillary Clinton foi
corroída pela ascensão de Obama e pelo desempenho não
desprezível que o terceiro colocado, o ex-senador John Edwards, vem tendo em Iowa, onde já registra média de 23,5%
nas pesquisas.
Segundo atualização mais recente do Real Clear Politics, site independente que reúne as
pesquisas de intenção de voto
mais confiáveis do país, Hillary
está tecnicamente empatada
com Obama em Iowa (29,2% e
27,3%, respectivamente) e tem
ligeira vantagem em New
Hampshire (32,3% e 28,5%),
que realiza primárias no dia 8.
Ela só conseguiu manter a
vantagem de seis meses atrás,
de mais de 20 pontos percentuais, num único Estado dos
mais importantes que vão às
convenções já em janeiro, a
Flórida: 47,3%, ante 22,5% de
Obama. A ex-primeira-dama
apresenta vantagem semelhante no levantamento nacional,
em que está com 43,8%, ante
25,2% de Obama e 13,2% de Edwards.
Mas os primeiros Estados
têm mais peso. Os vencedores
aqui entram num ciclo virtuoso
que inclui mais exposição na
mídia, que resulta em mais
pontos percentuais nas pesquisas, que rendem mais dólares
de arrecadação na campanha,
que compram mais anúncios
em TVs e jornais, que podem
mudar o jogo nos Estados que
fazem primárias a seguir.
Isso segue até a chamada Super Duper Terça-Feira ou Terça-Feira Tsunami, o dia 6 de fevereiro, em que mais de 20 Estados realizam suas primárias.
Então, pelo número de votos
em jogo, é provável que os candidatos dos dois partidos majoritários sejam definidos de fato,
embora não de direito.
Engarrafamento
Na situação, o cenário é ainda
mais confuso. Há cinco candidatos com chances reais de se
destacar nos próximos dias. A
culpa é da queda consistente do
ex-prefeito de Nova York Rudolph Giuliani nas últimas semanas e da ascensão surpreendente do ex-pastor batista e ex-governador de Arkansas Mike
Huckabee, empurrado pelo voto evangélico, que responde por
mais da metade dos eleitores
republicanos.
Assim, nacionalmente, Giuliani ainda está à frente, com
20,8%, mas a situação está longe de ser tranqüila: Huckabee é
o segundo, com 17,8%, seguido
pelo senador John McCain,
com 15,5%, que viu sua candidatura ser ressuscitada pelas
boas notícias da Guerra do Iraque. Depois vêm o ex-governador de Massachusetts, Mitt
Romney (15%), e o ex-senador
e ator Fred Thompson (11,5%).
Analisados Estado por Estado, os republicanos entram em
zigue-zague. Em Iowa, a liderança é de Huckabee (29,2%) e
Romney (25,5%). Em New
Hampshire, o líder passa a ser
Romney (29,8%), e o segundo
colocado, McCain (26,3%).
Confuso o suficiente? Pois na
Flórida muda tudo: Giuliani
(25,3%) e Huckabee (23,3%)
empatam.
E ainda há os que ameaçam
concorrer independentemente, como o senador Ron Paul,
um azarão de discurso radical
que tem uma base eleitoral cada vez maior na internet, e o
atual prefeito de Nova York,
Michael Bloomberg, que tem
US$ 8 bilhões de fortuna pessoal para gastar na campanha.
"Se o resultado sair mesmo
depois da Super Terça-Feira,
teremos dois presidentes-em-espera e um presidente em fim
de mandato", disse Chuck
Todd, diretor político da NBC
News, em encontro com jornalistas estrangeiros em Washington. "Nós teremos três
presidentes por nove meses.
Será a mais longa eleição que
nós jamais tivemos." E o ano
está só começando.
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