São Paulo, quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

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Obama cita "falha sistêmica" de segurança

Democrata reconhece que as informações sobre terrorista não foram compartilhadas pelas agências governamentais

Reportagem aponta que mentores intelectuais do ataque frustrado da última sexta foram libertados de Guantánamo em 2007

JANAINA LAGE
DE NOVA YORK

O presidente dos EUA, Barack Obama, afirmou ontem que a tentativa de ataque a um voo americano na sexta-feira foi resultado de "falha sistêmica" e humana na segurança do país e disse que vai lidar com os problemas "imediatamente".
Segundo Obama, as informações sobre Umar Farouk Abdulmutallab, 23, que tentou se explodir durante o voo, não foram distribuídas entre as agências do governo de modo a incluir o nome dele na lista de suspeitos que não podem viajar para os EUA. A própria família do jovem alertara para elo dele com extremistas.
"Avançamos muito desde o 11 de Setembro na coleta de informações relativas a terroristas e a ataques potenciais, mas está claro que o sistema não está atualizado o suficiente a ponto de tirar total proveito das informações", disse.
E acrescentou: "Quando o nosso governo tem informações sobre extremistas e elas não são compartilhadas como deveriam (...), uma falha sistêmica ocorreu. E considero isso inaceitável".
Obama disse que receberá até amanhã informações sobre o que aconteceu e que exigirá "prestação de contas" em todos os níveis, sem citar diretamente a secretária de Segurança Doméstica, Janet Napolitano, alvo de críticas da oposição. Após o discurso, a Casa Branca divulgou novas regras sobre a classificação de informação confidencial.
Reportagem da ABC News afirma que dois líderes da Al Qaeda, supostamente por trás da tentativa de ataque, foram soltos da prisão de Guantánamo em novembro de 2007.
A Al Qaeda assumiu a autoria do atentado. Muhamad Attik al Harbi e Said Ali Shari foram libertados em 2007 da prisão e enviados à Arábia Saudita, onde passaram por um programa de reabilitação que incluía até mesmo arte-terapia.
Eles são citados como agentes próximos do líder da Al Qaeda no Iêmen, informação que mina ainda mais os planos de Obama de fechar a prisão. O Iêmen é o país com maior número de presos na base.

Segurança nos aeroportos
Enquanto o governo procura explicações para o episódio, nos aeroportos aumentam as medidas de segurança.
Em Nova York, o governador David Paterson anunciou que 80 soldados da Guarda Nacional reforçariam a vigilância nos aeroportos JFK e La Guardia. O governador também recomendou aos viajantes que chegassem uma hora antes do previsto. A julgar pela quantidade de pessoas sentadas em cafés, bancos e restaurantes na manhã de ontem no JFK, a maioria preferiu cumprir a recomendação.
A médica Aile Cielo tomava café com um colega enquanto aguardava o voo para as Filipinas marcado para 12h40. Ela chegou ao aeroporto às 8h40. "Tive medo de perder o voo por conta dessas novas medidas de segurança."
Os oficiais da Guarda Nacional ficam em pontos estratégicos, como filas de check-in e portão de embarque.
No desembarque, um casal de americanos que não quis se identificar disse: "Foi tudo igual, mas eles vão reforçar a segurança, e teremos de nos acostumar com isso".
Alberto Ross, que mora no México, relatou maior fiscalização. "Vasculharam as bolsas de mão de cada um, e depois todos foram revistados."


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