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Obama cita "falha sistêmica" de segurança
Democrata reconhece que as informações sobre terrorista não foram compartilhadas pelas agências governamentais
Reportagem aponta que mentores intelectuais do ataque frustrado da última sexta foram libertados de Guantánamo em 2007
JANAINA LAGE
DE NOVA YORK
O presidente dos EUA, Barack Obama, afirmou ontem
que a tentativa de ataque a um
voo americano na sexta-feira
foi resultado de "falha sistêmica" e humana na segurança do
país e disse que vai lidar com os
problemas "imediatamente".
Segundo Obama, as informações sobre Umar Farouk Abdulmutallab, 23, que tentou se
explodir durante o voo, não foram distribuídas entre as agências do governo de modo a incluir o nome dele na lista de
suspeitos que não podem viajar
para os EUA. A própria família
do jovem alertara para elo dele
com extremistas.
"Avançamos muito desde o 11
de Setembro na coleta de informações relativas a terroristas e
a ataques potenciais, mas está
claro que o sistema não está
atualizado o suficiente a ponto
de tirar total proveito das informações", disse.
E acrescentou: "Quando o
nosso governo tem informações sobre extremistas e elas
não são compartilhadas como
deveriam (...), uma falha sistêmica ocorreu. E considero isso
inaceitável".
Obama disse que receberá
até amanhã informações sobre
o que aconteceu e que exigirá
"prestação de contas" em todos
os níveis, sem citar diretamente a secretária de Segurança
Doméstica, Janet Napolitano,
alvo de críticas da oposição.
Após o discurso, a Casa Branca
divulgou novas regras sobre a
classificação de informação
confidencial.
Reportagem da ABC News
afirma que dois líderes da Al
Qaeda, supostamente por trás
da tentativa de ataque, foram
soltos da prisão de Guantánamo em novembro de 2007.
A Al Qaeda assumiu a autoria
do atentado. Muhamad Attik al
Harbi e Said Ali Shari foram libertados em 2007 da prisão e
enviados à Arábia Saudita, onde passaram por um programa
de reabilitação que incluía até
mesmo arte-terapia.
Eles são citados como agentes próximos do líder da Al
Qaeda no Iêmen, informação
que mina ainda mais os planos
de Obama de fechar a prisão. O
Iêmen é o país com maior número de presos na base.
Segurança nos aeroportos
Enquanto o governo procura
explicações para o episódio,
nos aeroportos aumentam as
medidas de segurança.
Em Nova York, o governador
David Paterson anunciou que
80 soldados da Guarda Nacional reforçariam a vigilância nos
aeroportos JFK e La Guardia.
O governador também recomendou aos viajantes que chegassem uma hora antes do previsto. A julgar pela quantidade
de pessoas sentadas em cafés,
bancos e restaurantes na manhã de ontem no JFK, a maioria preferiu cumprir a recomendação.
A médica Aile Cielo tomava
café com um colega enquanto
aguardava o voo para as Filipinas marcado para 12h40. Ela
chegou ao aeroporto às 8h40.
"Tive medo de perder o voo por
conta dessas novas medidas de
segurança."
Os oficiais da Guarda Nacional ficam em pontos estratégicos, como filas de check-in e
portão de embarque.
No desembarque, um casal
de americanos que não quis se
identificar disse: "Foi tudo
igual, mas eles vão reforçar a
segurança, e teremos de nos
acostumar com isso".
Alberto Ross, que mora no
México, relatou maior fiscalização. "Vasculharam as bolsas
de mão de cada um, e depois todos foram revistados."
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