São Paulo, quinta-feira, 31 de janeiro de 2002

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VENEZUELA

Presidente havia chamado bispos de "tumor"; anteriormente, ele se havia declarado "católico apostólico romano"

Brigado com igreja, Chávez se diz evangélico

DA REDAÇÃO

O presidente venezuelano, Hugo Chávez, afirmou ontem ser "membro ativo" da igreja evangélica, em meio a uma polêmica disputa verbal entre ele e membros da Igreja Católica local.
Anteontem, os bispos da Conferência Episcopal Venezuelana (CEV) recusaram um chamado de Chávez para um encontro. Anteriormente, Chávez os havia chamado de "tumor" por causa de críticas feitas às suas políticas.
"Eu converso com Deus todos os dias. Deus anda em todas as partes. Sou membro ativo da Igreja Evangélica Cristã e cristão praticante", afirmou Chávez.
A frase gerou surpresa na imprensa local. Chávez sempre se definiu como "católico apostólico romano" e participou de uma missa católica televisionada na semana passada.
O catolicismo é predominante entre os 23 milhões de habitantes da Venezuela (seguido por cerca de 93% da população).
O representante do Conselho Evangélico da Venezuela, Samuel Olson, disse desconhecer que o presidente fosse evangélico. Ele não quis fazer comentários, alegando que queria ver a frase dentro de seu contexto.
Chávez usa regularmente em seus discursos frases religiosas e passagens da Bíblia e frequentemente se dirige aos venezuelanos chamando-os de "irmãos", termo utilizado também entre os membros das igrejas evangélicas.
Segundo os analistas políticos, as igrejas evangélicas deram apoio a Chávez em sua campanha presidencial de 1998.
A disputa entre Chávez e a cúpula da Igreja Católica venezuelana tem levado nos últimos dias a situações insólitas, como um pedido, feito pelo prefeito de Caracas, Alfredo Peña, aos bispos para submeter Chávez a uma sessão de exorcismo. Peña, ex-aliado do presidente, é hoje um de seus mais duros adversários.
O cardeal-arcebispo de Caracas, dom Ignacio Velasco, afastou a possibilidade de exorcizar o presidente, mas disse esperar que um milagre o impeça de adotar políticas mais radicais para enfrentar a crescente oposição. "Nós acreditamos em milagres."
Em declarações ao jornal "El Mundo", porém, Velasco disse não descartar a possibilidade de excomungar Chávez numa situação extrema. "A Igreja tem os mecanismos para excomungar o presidente Chávez se isso for proposto, depois de avaliar que ele assumiu uma posição muito grave."

Claque
Bolivianos que receberam Chávez com entusiasmo em sua chegada anteontem a Santa Cruz, na Bolívia, disseram que foram levados por funcionários da embaixada ao aeroporto, após promessa de que seria construída, com fundos venezuelanos, uma creche em seu bairro, chamado Venezuela. "O pessoal da embaixada [venezuelana" veio nos buscar e disse que construiriam a obra no bairro", disse María Góngora.


Com agências internacionais

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