São Paulo, sábado, 31 de janeiro de 2004

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IRAQUE OCUPADO

Presidente sugere confrontar informações sobre a guerra

Bush quer "saber fatos" sobre armas

DA REDAÇÃO

Em sua primeira reação pública às declarações de David Kay, o ex-chefe da busca americana por armas no Iraque, George W. Bush disse que quer "saber os fatos" sobre qualquer falha de inteligência que tenha ocorrido sobre as armas de destruição em massa iraquianas. Mas o presidente não apoiou a abertura de uma investigação independente.
"Quero que o povo americano saiba que eu também quero saber os fatos", disse Bush a jornalistas após reunir-se com economistas.
Kay, que deixou a chefia do Grupo de Pesquisa do Iraque na sexta-feira passada após sete meses de buscas, disse não acreditar na existência do arsenal proibido - que Washington acusou Bagdá de manter e usou como justificativa para a guerra.
O inspetor recomendou ao Senado dos EUA a abertura de uma investigação independente para apurar as falhas, as quais ele atribuiu aos serviços de inteligência. A sugestão foi prontamente encampada por políticos de oposição (democratas) e até por alguns governistas (republicanos), como o senador John McCain.
Mas, em vez da investigação, Bush disse que quer "comparar o que o Grupo de Pesquisa Iraquiano constatou com aquilo que pensávamos antes de ir à guerra" -o mesmo que sua assessora de Segurança Nacional, Condoleezza Rice, sugerira anteontem.
"Uma coisa é certa. Uma coisa nós sabemos: Saddam Hussein era um perigo, um perigo crescente", disse Bush.

Mês sangrento
A captura do ex-ditador pelos EUA, em dezembro, reduziu o número de ataques contra as forças de ocupação, mas a campanha da insurgência está mais efetiva: dos nove meses de pós-guerra, janeiro teve o terceiro maior número de mortes de soldados americanos em ataques, segundo o jornal britânico "Financial Times".
Até ontem, 33 soldados americanos haviam sido mortos em ações hostis no mês, um aumento de 37,5% em relação a dezembro. Apenas em outubro (35) e novembro (94) foram registradas mais baixas dos EUA.
Segundo o "FT", mais da metade das mortes em ataques ocorridas em janeiro (18) tiveram lugar na Província de Anbar, que fica no instável Triângulo Sunita, bastião do regime deposto, e inclui cidades como Fallujah e Ramadi.
Outras quatro mortes envolvendo a queda de helicópteros neste mês estão sendo investigadas para saber se foram ou não resultado de ataques. Se confirmado que foram, janeiro passaria a ser o mês com o segundo maior número de baixas no pós-guerra.
Embora os americanos tenham anunciado uma queda na média de ataques de 35 por dia em outubro e novembro para 18 na última semana, os comandantes americanos têm dito que não acreditam no fim da insurgência.
Ontem, em Bagdá, duas granadas-foguetes atingiram o teto da embaixada holandesa, mas ninguém foi ferido. No norte, um carro-bomba foi desarmado em Hawija, e um posto de controle foi atacado em Salman Beg.
Apesar da persistência da violência, o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, decidiu enviar uma missão ao país para avaliar a possibilidade de promover eleições diretas neste ano. A entidade saiu do Iraque, em outubro, após sua sede sofrer dois atentados.
"A coalizão prometeu fazer o máximo para proteger a missão. Então, penso que, nos próximos dias, a equipe viajará e já começará a trabalhar", disse Annan.


Com agências internacionais

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