São Paulo, segunda-feira, 31 de janeiro de 2005

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ELEIÇÕES ARMADAS

Insurgentes concentram ação na região de Bagdá e infiltram suicidas em filas de votação; suspeita-se que um deles seja deficiente mental

Com "eleitor-bomba",
ataques matam 35

DA REDAÇÃO

A insurgência iraquiana cumpriu as ameaças, intensificadas na última semana, e realizou uma série de ataques a postos eleitorais ontem. No total, 35 pessoas foram mortas em ataques suicidas durante o horário de votação, além de nove terroristas.
A autoria das ações de ontem foi assumida pelo terrorista jordaniano Abu Musab al Zarqawi, sunita ligado à Al Qaeda, que declarara guerra à eleição e prometera matar qualquer "infiel" que fosse votar.
Em comunicado na internet, Zarqawi disse que "13 leões" de sua organização "lançaram ataques aos centros de infidelidade e apostasia em várias regiões do Iraque". "Outras brigadas da organização lançaram ao menos 30 foguetes dentro da "Zona Verde" e em algumas seções eleitorais", acrescenta a nota, em referência à região mais fortificada de Bagdá.
A maior parte dos ataques aconteceu na capital iraquiana, onde, segundo o ministro iraquiano do Interior, Falab al Naqib, ao menos 27 pessoas foram mortas -sem contar as vítimas do acidente envolvendo um avião Hércules C-130 da Força Aérea britânica (leia nesta página).
Nas operações mais sangrentas na capital iraquiana, os insurgentes utilizaram um novo artifício, os "eleitores-bomba". Com as zonas eleitorais protegidas por militares americanos e iraquianos -dificultando a aproximação de carros-bomba-, terroristas suicidas que levavam explosivos amarrados ao corpo se infiltraram em filas de votação para detonar seus artefatos.

Deficiente Mental
Tal tática foi colocada em prática em ao menos três postos de votação em Bagdá, com seis eleitores mortos na região oeste, outros quatro em Sadr City, tradicional reduto xiita da capital, e mais um morto no sul da cidade. O governo interino do Iraque disse que, nesse último ataque terrorista, há suspeita de que a insurgência tenha usado um deficiente mental como suicida.
"Eles [insurgentes] já usaram até carroças puxadas por burros, por que poupariam um deficiente mental?", questionou Adnan Abdul-Rahman, porta-voz do governo, em referência à carroça-bomba utilizada em atentado em novembro de 2003.
Outro ataque suicida aconteceu na Província de Babil, ao sul de Bagdá. Segundo o comando militar polonês, que administra a região, um homem-bomba detonou explosivos dentro de um ônibus que transportava eleitores na cidade de Abu Alwan -cinco pessoas morreram e outras 17 ficaram feridas.
O temor de ataques como esses afastou parte dos eleitores cadastrados, especialmente nas áreas de predominância sunita. No chamado Triângulo Sunita, a noroeste de Bagdá, as zonas de votação passaram a maior parte do dia vazias, principalmente em Fallujah, Ramadi e Beiji. Segundo moradores, os quatro postos eleitorais do bairro sunita de Azamiyah, em Bagdá, nem chegaram a abrir para a votação de ontem.


Com agências internacionais

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