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ELEIÇÕES ARMADAS
Líderes mundiais definem eleição iraquiana como "emocionante" e ato de coragem; retirada de tropas segue sem definição
Mundo ouviu a voz da liberdade, diz Bush
LUCIANA COELHO
DE NOVA YORK
O governo americano recebeu
ontem como um "sucesso" e algo
"além do esperado" o índice de
comparecimento dos eleitores
iraquianos às urnas.
"É um dia memorável para o
povo iraquiano. Eles não se deixaram intimidar por [terrorista que
lidera a insurgência no país, Abu
Musab] Al Zarqawi e seus homens e foram a favor do processo
democrático", disse Condoleezza
Rice, recém-empossada secretária de Estado, à TV CNN.
O presidente George W. Bush
fez um pronunciamento curto no
qual felicitou os iraquianos e se
referiu à votação como um "sucesso retumbante". "O mundo está ouvindo a voz da liberdade do
centro do Oriente Médio", disse.
Mas foi a Rice que coube encabeçar a extensa operação de mídia
para ressaltar a lisura do pleito.
Em sua ronda pelas emissoras
americanas, a secretária tentou
minimizar a baixa adesão dos sunitas ao processo -que, segundo
especialistas, pode solapar sua legitimidade.
"É claro que, por causa do nível
de intimidação, já esperávamos
que menos sunitas votassem. Mas
há sunitas votando, e não é que os
que não estão votando não o
queiram. Eles não estão votando
por causa das ameaças", afirmou,
sem mencionar o boicote por parte de algumas instituições sunitas.
Rice disse ainda que o governo
não espera que a maioria xiita,
que, com o pleito de hoje, deve
passar a dominar a política iraquiana, instaure um regime religioso não-democrático. "Os iraquianos já disseram que não querem um regime teocrático. Estou
certa de que eles terão um debate
saudável sobre o papel do islã na
sociedade e de que o resultado representará a vontade do povo."
Já a retirada de suas tropas, que
já estão no Iraque há 22 meses,
continua sendo um tema delicado
para o governo dos EUA. "Não
podemos criar um cronograma.
Temos de terminar o trabalho.
Haverá um momento em que as
forças iraquianas serão mais capazes de lidar com o problema
[do que as americanas]. É aí que
precisamos chegar", disse.
Blair
Do outro lado do Atlântico, o
principal aliado dos EUA na invasão do Iraque também celebrou o
pleito, o qual chamou de "emocionante". "Pode ter sido a força
das armas que tirou Saddam [do
poder] e criou as circunstâncias
necessárias para que os iraquianos pudessem votar, mas foi a força da liberdade que foi sentida hoje no Iraque", disse o premiê britânico, Tony Blair.
Javier Solana, principal representante diplomático da União
Européia, também emitiu um comunicado parabenizando os iraquianos, que "mostraram coragem e determinação ao votar".
"As eleições são um passo importante para o Iraque. Apesar das
dificuldades por vir, a votação
mostra progresso na transição para um Iraque democrático, livre e
pacífico."
(LC)
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