São Paulo, segunda-feira, 31 de janeiro de 2005

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ELEIÇÕES ARMADAS

Líderes mundiais definem eleição iraquiana como "emocionante" e ato de coragem; retirada de tropas segue sem definição

Mundo ouviu a voz da liberdade, diz Bush

LUCIANA COELHO
DE NOVA YORK

O governo americano recebeu ontem como um "sucesso" e algo "além do esperado" o índice de comparecimento dos eleitores iraquianos às urnas.
"É um dia memorável para o povo iraquiano. Eles não se deixaram intimidar por [terrorista que lidera a insurgência no país, Abu Musab] Al Zarqawi e seus homens e foram a favor do processo democrático", disse Condoleezza Rice, recém-empossada secretária de Estado, à TV CNN.
O presidente George W. Bush fez um pronunciamento curto no qual felicitou os iraquianos e se referiu à votação como um "sucesso retumbante". "O mundo está ouvindo a voz da liberdade do centro do Oriente Médio", disse.
Mas foi a Rice que coube encabeçar a extensa operação de mídia para ressaltar a lisura do pleito. Em sua ronda pelas emissoras americanas, a secretária tentou minimizar a baixa adesão dos sunitas ao processo -que, segundo especialistas, pode solapar sua legitimidade.
"É claro que, por causa do nível de intimidação, já esperávamos que menos sunitas votassem. Mas há sunitas votando, e não é que os que não estão votando não o queiram. Eles não estão votando por causa das ameaças", afirmou, sem mencionar o boicote por parte de algumas instituições sunitas.
Rice disse ainda que o governo não espera que a maioria xiita, que, com o pleito de hoje, deve passar a dominar a política iraquiana, instaure um regime religioso não-democrático. "Os iraquianos já disseram que não querem um regime teocrático. Estou certa de que eles terão um debate saudável sobre o papel do islã na sociedade e de que o resultado representará a vontade do povo."
Já a retirada de suas tropas, que já estão no Iraque há 22 meses, continua sendo um tema delicado para o governo dos EUA. "Não podemos criar um cronograma. Temos de terminar o trabalho. Haverá um momento em que as forças iraquianas serão mais capazes de lidar com o problema [do que as americanas]. É aí que precisamos chegar", disse.

Blair
Do outro lado do Atlântico, o principal aliado dos EUA na invasão do Iraque também celebrou o pleito, o qual chamou de "emocionante". "Pode ter sido a força das armas que tirou Saddam [do poder] e criou as circunstâncias necessárias para que os iraquianos pudessem votar, mas foi a força da liberdade que foi sentida hoje no Iraque", disse o premiê britânico, Tony Blair.
Javier Solana, principal representante diplomático da União Européia, também emitiu um comunicado parabenizando os iraquianos, que "mostraram coragem e determinação ao votar". "As eleições são um passo importante para o Iraque. Apesar das dificuldades por vir, a votação mostra progresso na transição para um Iraque democrático, livre e pacífico." (LC)


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