São Paulo, segunda-feira, 31 de janeiro de 2005

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TODA MÍDIA - NELSON DE SÁ

Eu votei

A Al Jazira resistiu, aqui e ali. Para a emissora árabe, o pleito no Iraque foi envolto em "confusão", com a comissão eleitoral divulgando projeção de votos e voltando atrás etc. Ainda assim, destacou, "políticos importantes insistem que a participação foi alta".
Para a emissora americana Fox News, até "os sunitas votaram". A certa altura, registrou que "eleitores foram vistos cantando e dançando".
Pode ser exagero da Fox, mas a própria Al Jazira tratou de não explorar as cenas sangrentas dos ataques suicidas de ontem. Em mesas-redondas, abriu caminho para opiniões favoráveis à democracia. Por exemplo, de um comentarista:
- Este governo [eleito] vai negociar com os outros partidos tendo o apoio do povo. Ele terá legitimidade.
 
O "New York Times" não ficou muito atrás da Fox News. De um título em sua página inicial, à tarde:
- Violência não consegue estragar o ambiente de festa nas ruas de Bagdá.
Ainda que menos exaltados, "Washington Post", "USA Today" e outros foram na mesma linha, bem como os europeus "Financial Times", "Le Monde" e "El País".
 
A exemplo do Irã, o Iraque vive um "boom" de blogs. Entre os blogueiros que escrevem em inglês, os relatos de ontem estavam mais para Fox News do que para Al Jazira.
Dado como dos mais acessados, o blog Life in Baghdad passou a semana dizendo não saber se votaria. Ontem, "postou" duas palavras:
- Eu votei.
Já o blog IraqTheModel, dos irmãos pró-americanos Mohammed e Omar, descreveu passo a passo como foi o ato de votar em Bagdá, encerrando com a cédula na urna:
- Com isso, houve lágrimas que não pude segurar.



À VENDA

Em dia de eleição no Iraque, O "NYT" noticiou ontem em destaque na primeira página, a notícia de que sob pressão dos EUA, o Qatar "pode" vender o "provocativo canal" Al Jazira

A NOVA ONDA

David Brooks, que há um ano trocou a revista "The Weekly Standard" pelo "NYT", é agora a principal voz conservadora do jornal nova-iorquino. Em coluna no fim de semana, afirmou que "a nova onda dos bushistas" não está no Oriente Médio. Com a morte de Arafat e as eleições no Afeganistão e no próprio Iraque:
- A perspectiva é muito mais global. Em conversas francas, os funcionários [do governo Bush] estão muito mais rápidos em falar da América Latina e dos desafios diferentes apresentados pela (má) situação na Venezuela e pela (promissora) situação no Brasil. Fala-se mais da relação com a Índia e da necessidade de repelir esforços da China para reduzir a influência americana.

Fidel, o discreto
Nada de Lula. Segundo o colombiano "El Tiempo", com eco em jornais sul-americanos e no "Miami Herald", foi Fidel Castro quem "discretamente" negociou as pazes entre o venezuelano Hugo Chávez e o colombiano Alvaro Uribe.
Mas "oficialmente" um diplomata da Colômbia disse que "a mediação cubana foi importante, igual à do Brasil".

O que fazer
Chávez deve ser isolado pelos EUA? Para o editor de América Latina do "Financial Times", Richard Lapper, em artigo na sexta, seria um erro.
Para Andres Oppenheimer, do "Miami Herald" e da CNN em espanhol, é o único caminho a seguir. Ele defendeu ontem as punições institucionais propostas dias atrás pelo ex-presidente dos EUA Jimmy Carter.

FMI no fórum
Reportagens de ontem, nos sites do "NYT" e de diversos jornais latino-americanos, descreviam a inusitada e "polêmica" participação de uma representante do FMI em painel no Fórum Social Mundial, em Porto Alegre. Declaração da funcionária do Fundo:
- Houve mudança. Nós hoje damos muito mais atenção às questões do crescimento e da redução da pobreza.

Alca em Davos
Ainda representante comercial dos EUA, Robert Zoellick, futuro vice do Departamento de Estado, dizia ontem em sites noticiosos que a Alca "certamente não morreu".
No Fórum Econômico, em Davos, reuniu-se com o chanceler Celso Amorim para, segundo o brasileiro, "explorar caminhos para relançar a Alca".


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