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Superpoder de Chávez é votado em praça
Congresso fará sessão aberta para aprovar lei que habilitará presidente a governar por decreto em áreas como energia
País confirma compra de
mísseis terra-ar russos e
anuncia que vai instalá-los
em refinarias e pontes, para
proteger locais estratégicos
RAUL JUSTE LORES
DA REPORTAGEM LOCAL
O Congresso venezuelano
realiza hoje plenária aberta para aprovar a lei que dá superpoderes ao presidente Hugo Chávez. Os deputados decidiram
ontem por unanimidade levar a
discussão da lei à praça Bolívar,
no centro de Caracas.
Com a aprovação da chamada Lei Habilitante, ele poderá
governar por decreto, criando
leis em áreas como segurança,
finanças, energia, impostos e
participação popular sem precisar da sanção dos deputados
da Assembléia Nacional.
Chávez também poderá criar
leis sobre defesa, infra-estrutura e transportes. Todos os parlamentares da Assembléia Nacional são chavistas - a oposição boicotou as eleições legislativas de 2005, acusando falta de
transparência no processo.
"A Lei Habilitante será sancionada pelo povo", afirmou a
presidente do Congresso, a deputada Cilia Flores.
"A oposição já cometeu essa
estupidez de ficar de fora do
Congresso e agora o chavismo
acaba descaracterizando o Legislativo com esse "parlamentarismo de rua'", disse à Folha
Alonso Moleiro, colunista do
jornal "El Nacional".
"Essas plenárias de rua são
caóticas, ninguém sabe o que se
discute e só reúnem chavistas."
Não é a primeira vez que leis
são votadas em praça pública
na Venezuela. As leis da Polícia
Nacional e de Segurança foram
votadas assim no ano passado.
Houve improviso na discussão. Assessores parlamentares
ouvidos pela Folha ainda discutiam se a aprovação seria na
praça Bolívar, em frente à Catedral, ou no pátio interno da Assembléia Nacional.
Outros opinavam que a discussão voltaria a plenário na
quinta, "se os deputados discordarem de algum ponto", segundo um assessor que pediu
para não ser identificado.
"O governo quer dar a impressão que houve debate, mas
todo mundo sabe que a lei será
aprovada e ponto", diz Moleiro.
Em 2001, Chávez já recebeu
superpoderes do Congresso,
quando assinou 49 leis. Agora,
o presidente venezuelano também quer reformar a Constituição do país, aprovada em referendo em 1999, para permitir a
reeleição ilimitada.
O partido opositor Primeiro
Justiça entrou com ação ontem
no Tribunal Supremo de Justiça pedindo que se definam os limites da Lei Habilitante e
questionando se não seria necessária uma nova Constituinte para as reformas que Chávez
quer fazer na Constituição.
Mísseis terra-ar
O general Alberto Muller,
chefe do Estado Maior Presidencial venezuelano, confirmou ontem à agência Associated Press que o país pretende
comprar mísseis terra-ar da
Rússia para proteger lugares
estratégicos como refinarias,
hidrelétricas e pontes.
"É para defesa área, não atacaremos ninguém. Não somos
os Estados Unidos, nem temos
ambições imperialistas", disse.
Nos últimos dois anos, Chávez tem repetido temores de
que seu país poderia ser invadido pelos EUA.
Uma agência russa confirmou que entre dez e 12 sistemas de mísseis Tor-M1 poderiam ser vendidos à Venezuela.
As compras de armamento
russo feitas pela Venezuela são
estimadas em US$ 3 bilhões
-cem mil fuzis AK-103, 24 caças Su-30 e 53 helicópteros.
O governo também planeja
construir junto com o Irã
"aviões não-tripulados", segundo o ministro da Defesa, general Raúl Baduel, afirmou na segunda. Os aviões guiados por
controle remoto serviriam para
a vigilância das fronteiras.
Nomeado futuro número 2
do Departamento de Estado, o
atual diretor da espionagem
norte-americana, John Negroponte, disse ontem que Chávez
é "uma ameaça para as democracias latino-americanas".
Negroponte foi sabatinado pelo
Senado americano, que deverá
confirmá-lo no novo cargo.
"Ele [Chávez] tenta exportar
seu populismo radical", disse.
Com agências internacionais
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