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Desistências polarizam disputas nos EUA
Democrata John Edwards deixa corrida presidencial após seqüência de derrotas; embate republicano perde Rudolph Giuliani
Hillary e Obama disputam apoio do ex-rival, que não definiu quem endossará;
ex-prefeito de Nova York chancela o favorito McCain
LM Otero/Associated Press
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Giuliani (esq.) cumprimenta McCain após anunciar desistência da corrida republicana; ex-prefeito de Nova York apoiou senador
DANIEL BERGAMASCO
ENVIADO ESPECIAL A WEST PALM BEACH
(FLÓRIDA)
SÉRGIO DÁVILA
ENVIADO ESPECIAL A SIMI VALLEY
(CALIFÓRNIA)
A seis dias da Superterça (5
de fevereiro, quando haverá
prévias em mais de 20 Estados), o funil se estreitou e o
quadro começa a se definir na
eleição americana, com o anúncio surpresa da desistência do
democrata John Edwards e a
confirmação da saída do republicano Rudolph Giuliani.
Edwards, 54, que não obteve
vitória em nenhuma das seis
prévias democratas até agora,
fez seu discurso de despedida
em Nova Orleans, cidade onde
começou a campanha. "Nosso
Partido Democrata fará história. Estaremos fortes, estaremos unidos e, com um pouco de
determinação, vamos tomar a
Casa Branca de volta."
A jornalistas o ex-senador
pela Carolina do Sul confirmou
ter conversado com os rivais
Hillary Clinton, 60, e Barack
Obama, 46, por telefone, mas
afirmou que "ainda" não havia
decidido quem apoiaria. "Vou
passar algum tempo com eles e
decidir." Analistas dizem que
ele tende para o lado de Obama.
Já Giuliani, 63, estava bem-humorado ao anunciar sua desistência, pouco antes do debate entre os republicanos, num
saguão da Biblioteca Ronald
Reagan, em Simi Valley, a duas
horas de Los Angeles. Após dizer que apoiaria John McCain e
listar as qualidades de um presidente ideal, brincou: "Obviamente, pensei que esse nome
seria o meu".
"McCain é o mais qualificado
para ser comandante-em-chefe
dos EUA. Ele é um herói nacional, e a Casa Branca precisa de
heróis", disse, para depois cutucar o principal rival do senador, Mitt Romney: "Se eu
apoiasse outro, diriam que eu
mudo muito de opinião". A incoerência é a maior crítica de
oponentes a Romney.
A desistência de Giuliani estava prevista desde anteontem,
quando o resultado das primárias na Flórida confirmou o fracasso da estratégia de campanha do ex-prefeito de Nova
York, que ignorou os primeiros
Estados do calendário das primárias para se dedicar aos de
maior peso eleitoral.
Mas ele chegou em terceiro
no Estado anteontem, com
apenas 15% dos votos, atrás de
Mitt Romney (31%) e John
McCain (36%). Hillary venceu
a primária democrata local
-com 50% dos votos, contra
33% de Obama e 14% de Edwards-, mas a eleição não foi
levada em conta pela direção
nacional do partido, em punição à antecipação da prévia
sem autorização. As lideranças
estaduais recorrem da decisão.
Conservadores
Para os republicanos, a saída
de Giuliani significa um quadro
mais claro na disputa interna,
com McCain como favorito e
Romney, 60, como seu principal rival. Além de McCain, Giuliani e o ex-governador Mike
Huckabee, 52, que continua na
corrida, já foram favoritos.
O principal desafio de
McCain nas próximas prévias é
trazer para seu lado os eleitores
conservadores, que são a base
do Partido Republicano e que
têm escolhido outros candidatos. Na Flórida, Romney o superou entre o eleitorado que se
diz "muito conservador" por
uma diferença de 44% a 22%.
Sobre o resultado, McCain
declarou que é "muito positivo", pela primeira vez, ter vencido em uma primária na qual
apenas republicanos puderam
votar, já que em New Hampshire e na Carolina do Sul foi impulsionado por eleitores independentes -mais moderados.
Delegados
As baixas na corrida reorganizam a distribuição de delegados que votarão nas convenções partidárias que definirão
os candidatos para a eleição de
4 de novembro.
Edwards tinha 26 delegados.
Pelas regras do Partido Democrata, diz a agência Associated
Press, dez são automaticamente redirecionados a Obama e
Hillary segundo seus resultados nas prévias em que Edwards ganhou delegados. Obama levará seis; Hillary, quatro.
Os outros continuam ligados a
Edwards e, se ele decidir apoiar
alguém, tradicionalmente os
delegados o seguem. Já entre os
republicanos, os delegados esperam que o desistente apóie
alguém e transfira os votos ou
os libere para escolher.
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