MÁRCIA DETONI
DA REDAÇÃO

O navegador brasileiro Amyr Klink, único a ter feito a travessia solitária a remo do Atlântico sul, disse ter uma grande admiração pelos remadores que enfrentam as grandes extensões do Pacífico. Afirmou, porém, que o Atlântico é mais difícil e que Jim Shekhdar não foi o primeiro a ter atravessado o Pacífico nessas condições.
À Folha, Klink disse que só atravessou o Atlântico a remo porque, na época, não tinha condições de construir um barco para ir à Antártida. Ele saiu da Namíbia em 10 junho de 1984 e remou 7.000 km até chegar à Bahia, cem dias depois. Depois dele, outros três tentaram, mas não conseguiram.

Folha - Shekdard é tido como o primeiro a atravessar o Pacífico numa viagem solitária a remo. A travessia do Pacífico é mais difícil que a do Atlântico?
Amyr Klink - Há outras travessias solitárias a remo no Pacífico. O britânico John Fairfax fez uma nos anos 70, e o francês Gerard d"Aboville atravessou o Pacífico em 1991, em 134 dias, do Japão aos EUA. A travessia do Pacífico é menos dura. O Atlântico tem mais tempestades. A maior dificuldade no Pacífico é a distância. A pessoa entra num regime de sobrevivência, tem de pescar e, depois de 200 dias, tem de fabricar água. Respeito muito essas travessias porque a extensão é maior.

Folha - Você nunca pensou em atravessar o Pacífico a remo?
Klink -Não, porque eu gosto de evoluir. Acho esquisito a pessoa passar a vida inteira fazendo a mesma coisa. Eu fiz a travessia do Atlântico sul a remo porque não tinha como fazer um barco polar para ir à Antártida.

Folha - Que viagem você está preparando agora?
Klink -Graças a Deus saí da fase dos remos. Vou dar uma nova volta ao mundo dentro da convergência Antártida, em outubro, com um barco novo, um veleiro para exploração polar. Mas, desta vez, irei com seis pessoas.



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