São Paulo, domingo, 31 de março de 2002

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FHC defende maior intervenção diplomática

RENATA GIRALDI
ENVIADA ESPECIAL A FERNANDO DE NORONHA

O presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou ontem que o governo poderá enviar soldados para colaborar no processo de paz no Oriente Médio. Defendeu que os líderes mundiais unam-se sob comando do presidente norte-americano, George W. Bush, para buscar soluções que encerrem os conflitos na região.
Segundo FHC, a ação conjunta dos países em busca de soluções que levem ao fim dos confrontos no Oriente Médio transformou-se em prioridade, pois líderes israelenses e palestinos não conseguem solucionar a questão.
"Se, sozinhos, não conseguem, acho que devemos nos juntar e botar um ponto final nessa guerra, que é inaceitável", afirmou o presidente, dizendo-se chocado com o que tem sido noticiado.
"Quem liga a TV fica horrorizado: é morte, é morte. Ninguém quer morte, ainda mais agora que é Páscoa, é ressurreição, é vida. Nós queremos é o amor. É inaceitável esse estado de tensão que leva à morte", declarou.
"Agora é necessária uma intervenção firme de todos os líderes mundiais, chefiados pelo presidente Bush, que é o homem que tem a responsabilidade maior", disse FHC.
O presidente afirmou que o Brasil participará ativamente do processo de paz na região. "O Brasil está disposto a participar mais ativamente. Na medida em que se torna um país com peso crescente no mundo, também deve assumir responsabilidades crescentes, estamos dispostos."
FHC conversou com o chanceler Celso Lafer ao saber do agravamento da crise.
Ele determinou que fosse expressa a posição brasileira e enviou sua opinião ao príncipe saudita Abdullah, que apresentou uma proposta para o fim dos conflitos, e ao governo canadense.
FHC descartou, porém, a possibilidade de intervenção direta na região. Na sua opinião, a colaboração externa deve ser em torno de uma proposta que atenda a palestinos e israelenses e citou a sugestão apresentada por Abdullah.
"Não adianta intervenção direta. Eu me refiro a gestões de paz. O que adianta é criar clima e fazer pressão. Pressão sobre os dois líderes [Ariel Sharon, premiê de Israel, e Iasser Arafat, dirigente palestino"", afirmou o presidente.
FHC criticou o cerco imposto pelo governo israelense a Arafat. "O Arafat no momento está cercado. Está sendo imposta a ele uma humilhação. Não se pode pedir que um homem humilhado não reaja. Não acho que é pela humilhação que se convence", disse ele.



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