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PT barrou as Farc em foro da esquerda em São Paulo
Professor confirma ter sido procurado por grupo, como relata Reyes em e-mail
Dirigente das Farc queria que colombiano radicado na capital paulista intercedesse por presença da guerrilha; Lula discursou no encontro
CLAUDIO DANTAS SEQUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
As Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) foram impedidas de participar da
reunião do Foro de São Paulo
realizada no Memorial da América Latina, na capital paulista,
em julho de 2005. A ocasião
marcou os 15 anos de fundação
do grupo -que reúne os partidos de esquerda latino-americanos- e contou com a presença do presidente Lula.
A tentativa frustrada está registrada em e-mail atribuído a
Raúl Reyes, obtido pela Folha,
e foi confirmada pelo advogado
colombiano Pietro Lora Alarcón. Professor da PUC-SP, Lora disse que foi procurado pelo
padre Olivério Medina, então
embaixador das Farc no Brasil.
"Olivério queria se pronunciar na reunião do Foro e me
entregou um pedido formal,
que eu apresentei ao grupo de
trabalho", afirmou o advogado.
"Mas o pedido acabou rejeitado
pela secretaria executiva do
Foro, ocupada pelo PT."
Lora explicou que participou
do Foro de São Paulo na condição de membro do Comitê Permanente pela Defesa dos Direitos Humanos na Colômbia. "Nunca tive qualquer relação
com as Farc", disse.
Em outro e-mail sobre a reunião, de junho de 2005, Lora é
chamado de "camarada" por
Rodrigo Granda, "chanceler"
das Farc, que dá outra versão
do episódio: "Informam-nos
que o camarada Pietro Lora
não participou da reunião do
grupo de trabalho do Foro, porque, segundo disse, nunca recebeu de Bogotá o documento
para apresentar ali".
As Farc também foram barradas num seminário ocorrido
na Nicarágua, em 2004. Um
ano depois da chegada de Lula
ao poder, o PT teria assumido
um distanciamento estratégico
em relação à guerrilha colombiana. "Os brasileiros não estavam interessados em que as
Farc participassem da reunião
na Nicarágua", escreveu Granda a Reyes. Na mensagem eletrônica, o "chanceler" ressalta
que preferiu enviar ao encontro em Manágua apenas um representante, "Hermes", recomendando-lhe discrição.
No final de 2005, Pietro Lora
foi procurado pelo vereador
Edson Albertão (PSOL, ex-PT),
de Osasco. O político queria do
advogado um parecer favorável
à concessão do refúgio político
a Olivério Medina, que havia sido preso como alvo de um processo de extradição movido pela Justiça colombiana.
O parecer foi entregue ao Conare (Comitê Nacional de Refugiados), mas Lora acha que o
documento não teve nenhuma
influência na decisão do órgão
de conceder asilo político a
Medina no Brasil, em 2007.
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