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Ilha festeja "cubanização" da agenda
FLÁVIA MARREIRO
DA REPORTAGEM LOCAL
No cálculo de Havana, a
Assembleia Geral da OEA
(Organização dos Estados
Americanos) em Honduras já é uma vitória diplomática de antemão: é a segunda reunião continental
de peso, já na era Obama e
em menos de dois meses,
cujo tema central é Cuba.
O governo cubano diz e
reitera que não tem interesse em voltar à instituição. Mas assiste com satisfação à movimentação dos
países latino-americanos
pelo fim da suspensão do
país, que data de 1962 -assim como aplaudiu o coro
pelo fim do embargo imposto pelos EUA na Cúpula das Américas, em abril.
Mas, apesar da retórica
de que a OEA é um "cadáver pestilento", Havana
acompanha de perto, por
meio de seus aliados mais
chegados, as negociações e
tenta evitar que o eventual
fim da suspensão venha
acompanhado de cobranças sobre democracia representativa e respeito aos
direitos humanos, como
querem os EUA, diz uma
fonte próxima do processo
de discussão.
"A realidade é que sem a
OEA, os EUA perderiam
um de seus principais instrumentos político-jurídicos de controle hegemônico sobre o hemisfério ocidental", escreveu na sexta
o jornal oficial "Granma".
Já o governo elogia a
OEALC (Organização dos
Estados da América Latina e do Caribe), lançada
em dezembro no Brasil.
Para Juan Antonio
Blanco, ex-diplomata cubano, hoje no exílio, uma
das intenções do regime
cubano na reunião é pôr os
EUA numa situação na
qual têm pouca margem
para se mover.
Blanco, que serviu na
missão de Cuba na ONU
nos anos 70 e deixou a ilha
em 1997, vê aí estratégia
para mostrar ao público
interno que Barack Obama, "que é mais popular
em Cuba que qualquer dirigente cubano", também
tem limitações na aproximação com a ilha.
Com a volta do racionamento -e alguns apagões- de energia e com a
crise financeira cada vez
mais evidente, o retorno
da ilha à OEA poderia permitir, por exemplo, o crédito junto ao BID (Banco
Interamericano de Desenvolvimento).
Mas a ideia de que Havana poderia ter essa visão
pragmática ignora outros
limites do regime, diz um
diplomata brasileiro próximo do tema, que lembra
quantas vezes Fidel Castro já vociferou contra a
instituição.
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