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Escolas públicas investem em educação patriótica
Partido Comunista emprega representantes para cooptar os melhores alunos
"Aula de patriotismo é bem relaxada: contanto que amemos o sistema, está tudo bem", narra estudante sobre ensinamento chinês
DE PEQUIM
As escolas públicas chinesas
estão organizando até outubro,
aniversário de 60 anos da Revolução Comunista, a campanha
"Eu amo a minha Pátria".
Os alunos têm aulas sobre
patriotismo e o Partido Comunista. Fazem redações sobre o
Hino chinês e a "Internacional
Socialista" e participam de concursos de poemas e canções sobre heróis nacionais.
Na Escola Pública Número
54, de Pequim, os melhores alunos participam da organização
de parte dos eventos. O melhor
de cada classe no Ensino Médio
recebe um broche da Liga da
Juventude Comunista da China, de uso obrigatório. No ensino básico, a distinção é um lenço vermelho no pescoço.
Outro privilégio é hastear a
bandeira nacional na cerimônia que acontece toda segunda
de manhã, às vezes presenciada
por soldados da Praça Celestial.
"Uma vez por ano, levamos
os melhores alunos para ver o
hasteamento na praça da Paz
Celestial", diz o secretário da
Juventude Comunista na escola, Gao Jia, 28. Cada escola tem
um secretário da Juventude
Comunista, que ajuda a selecionar os melhores alunos e a recrutá-los para o partido.
A Folha conversou com os
quatro melhores alunos da escola. Zhu Yuchen, Han Xingchen, Xu Yang e Liu Wenjing.
Todos de 17 anos, querem ingressar no Partido Comunista.
A seleção não depende só das
notas. "Avaliamos desde as habilidades físicas até o comportamento em sala de aula, se o
aluno obedece os professores",
conta Gao. Os selecionados são
convidados para a Liga da Juventude Comunista, antessala
da entrada no Partido.
Treinamento militar
Os melhores entre os selecionados podem participar de
uma semana de treinamento
militar. Aprendem a marchar,
fazem escaladas e são surpreendidos com uma corrida
noturna, uma evacuação com
apitos nos dormitórios. "São
provas duras, que exigem disciplina", diz o aluno Han, único
escolhido para o treinamento.
Os quatro estudam, em média, 12 horas por dia. Das 7h40
às 17h, em sala de aula, com
uma hora para o almoço. Mais
quatro horas de lição de casa,
inclusive aos sábados.
Só Han já teve namorada. Os
outros três juram que não sofrem pressão contrária. "Só os
professores mais velhos dizem
que só devemos namorar após
concluir os estudos", diz Zhu.
O que acham da aula de patriotismo? "É bem relaxada.
Não precisamos estudar ou decorar fórmulas complicadas. É
só ficar recitando slogans em
voz alta, "Nós amamos a Pátria,
nós amamos o socialismo'",
conta Xu. "Contanto que amemos o sistema, está tudo bem."
(RAUL JUSTE LORES)
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