São Paulo, Sábado, 31 de Julho de 1999
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MASSACRE
Polícia divulga textos deixados por Mark Barton, que matou a família e mais nove pessoas, antes de suicídio
Cartas revelam perfil de assassino

MARCIO AITH
de Washington

Uma carta impressa e três notas manuscritas divulgadas ontem pela polícia revelam a personalidade conturbada de Mark Barton, o homem que matou sua mulher, seus dois filhos e mais nove pessoas no Estado da Geórgia (sul dos EUA) entre terça-feira e quinta-feira passadas.
Barton cometeu suicídio dentro de seu carro anteontem à noite, ao ser parado pela polícia.
A carta foi encontrada na sala do apartamento de Barton na cidade de Stockbridge, a 56 quilômetros de Atlanta. As três notas estavam sobre os corpos de sua mulher, de 27 anos, morta na terça-feira à noite e cujo corpo foi encontrado num armário, e de seus dois filhos (um menino de 11 anos de seu primeiro casamento e sua enteada, de 8 anos), mortos na quarta-feira e encontrados em suas camas.
Os três foram mortos a marteladas, segundo descrição do próprio assassino, um químico de 44 anos que consumia a maior parte de seus dias comprando e vendendo ações por computador.
"Houve pouca dor. Todos morreram em menos de cinco minutos. Eu bati neles com um martelo enquanto dormiam e os coloquei na banheira com as cabeças para baixo para ter certeza de que não acordariam com dor. Para ter certeza que estavam mortos. Sinto muito."
Na quinta à tarde, Barton matou mais nove pessoas em duas corretoras de Atlanta das quais foi cliente. Testemunhas dizem que ele passou 30 minutos na primeira corretora antes de abrir fogo.
Barton era dono de uma empresa de consultoria, mas comprar e vender ações em curtos espaços de tempo (atividade chamada de "day trade") era sua obsessão.
A carta e as notas encontradas em seu apartamento não dão indicações claras dos motivos pelos quais o massacre ocorreu. Há referências vagas a problemas financeiros e uma indicação de que seu casamento não estava bem.
"Não planejo viver muito mais, só o suficiente para matar o maior número de pessoas que, com avareza, procuraram minha destruição. Vocês devem me matar, se puderem", escreveu ele.
Na nota deixada sobre o corpo de sua mulher, diz: "Matei Leigh Ann porque ela era um dos motivos da minha destruição".
Em 1993, a primeira mulher de Barton e sua mãe foram assassinadas enquanto passavam um feriado no Estado do Alabama. Embora tivesse sido considerado suspeito na época, Barton nem chegou a ser processado porque a polícia não encontrou provas contra ele. Barton havia assinado um seguro de vida de US$ 600 mil para o caso da morte de sua mulher, o que o transformou em suspeito. Ele ganhou esse dinheiro recentemente, após um processo judicial.
Na carta achada ontem, Barton nega ter matado sua primeira mulher: "Pode haver semelhanças entre essas mortes e a morte de minha primeira mulher, Debra Spivey. No entanto, nego tê-la matado e matado sua mãe. Não há razão para eu mentir agora".


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