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São Paulo, domingo, 31 de agosto de 2003

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Visita ao Brasil inclui promoção de empresas e passeio em favela

DA ENVIADA ESPECIAL A OSLO

A última vez em que o Brasil recebeu uma visita de Estado do rei da Noruega foi em 1967, quando o trono era ocupado pelo rei Olaf, pai de Harald 5º, atual monarca.
Acompanhado da rainha Sonja, o rei recebeu um grupo restrito de jornalistas brasileiros e conversou com a Folha em sue gabinete, no palácio real em Oslo, sobre a aproximação econômica entre os dois países e suas expectativas em relação à sua primeira visita oficial ao Brasil, marcada para o próximo dia 6 de outubro.
A agenda da viagem, que se estende por cinco dias, tem foco predominantemente econômico, mas inclui programas sociais e culturais que se estendem da visita a uma favela no Rio de Janeiro ao encontro com artistas plásticos brasileiros -a rainha Sonja é uma entusiasta da arte contemporânea.

Pesca e petróleo
"Originalmente, visitas de Estado tratavam apenas de questões de Estado entre presidentes, ou presidentes e reis. Mas hoje se tornaram algo além disso, o que explica porque seremos acompanhados por uma grande delegação de empresários. O principal motivo dessa visita será a promoção de negócios entre os dois países", afirmou o rei Harald.
Com o rei e a rainha, viajará um grupo de 70 empresários majoritariamente dos setores que mantêm os laços mais estreitos com o Brasil: pesca, petróleo e suas áreas relacionadas, como a construção de navios.
"Será uma visita importante. Esperamos ansiosamente para conhecer o presidente Lula", disse o rei.

Lua-de-mel
Mas a viagem não é a primeira do casal ao Brasil. "Estivemos lá já, em nossa lua-de-mel, em 1968", conta a rainha.
"Ficamos três semanas, e eu fiquei uma a mais, quando ele [o rei] precisou ir ao México e me largou sozinha em plena lua-de-mel", continuou Sonja, entre risos.
É dessa viagem ao Brasil, feita antes de subir ao trono, que vêm as maiores expectativas da rainha. "Eu estive em Brasília quando a cidade ainda era muito nova e parecia meio irreal, aquela arquitetura belíssima, mas sem nada em volta... Não vejo a hora de voltar e ver como a cidade cresceu", afirmou ela.
Como chefe de Estado de um país reconhecido como um dos maiores doadores de assistência humanitária do mundo, o programa do casal real norueguês no Brasil não poderia deixar de incluir visitas a algumas instituições sociais.
Segundo a rainha, o palácio ainda trabalha nos detalhes de uma visita a uma instituição para crianças mantida pela rainha Silvia, da Suécia, no Rio de Janeiro.
"Também devemos visitar uma instituição norueguesa ligada à igreja que mantém um projeto de dança com a Viva Rio", diz ela, referindo-se à ONG carioca que desenvolve campanhas nas áreas de direitos humanos e segurança pública, desenvolvimento comunitário, educação, esportes e ambiente.
Indagado sobre o motivo da demora em visitar oficialmente um país com quem mantêm laços tão estreitos -a irmã do rei é casada com um brasileiro e mora no Rio-, o casal culpou a agenda atribulada e o governo da Noruega.
"As visitas de Estado não são, necessariamente, decisão minha. É uma decisão do governo [do primeiro-ministro Kjell Magne Bondevik]. Mas o Brasil já está nos nossos planos há muito tempo", disse o rei.
Assuntos políticos, aliás, não fazem parte do discurso do rei, que evita falar da possibilidade de o país aderir à União Européia nos próximos anos (em 1994, os noruegueses, por meio de um referendo, se recusaram a aderir ao bloco) e não se pronuncia sobre a política local.
Indagado sobre o momento da visita de Estado ao Brasil, no início do mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, o rei preferiu dizer que não tem opinião formada sobre o atual presidente.
"Além disso, a visita já estava planejada antes mesmo de sabermos qual seria o resultado das eleições do ano passado", afirmou o rei. (LC)


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