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ÁFRICA
Reféns seriam funcionários da ONU e do Crescente Vermelho; organizações tratam caso como "desaparecimento"
Rebeldes seqüestraram oito, diz Sudão
DA REDAÇÃO
O governo do Sudão afirmou
ontem que oito funcionários da
ONU e do Crescente Vermelho (o
equivalente muçulmano da Cruz
Vermelha) foram seqüestrados
por rebeldes na região de Darfur,
no domingo.
Segundo comunicado do Ministério de Assuntos Humanitários, as vítimas são três funcionários sudaneses do Programa
Mundial de Alimentação da ONU
(WFP, na sigla em inglês) e cinco
do Crescente Vermelho Sudanês.
Porta-vozes do WFP afirmaram
que oito funcionários das duas organizações estão desaparecidos,
mas não confirmaram os seqüestros. Eles estavam próximo a uma
vila a 85 km de Al Fasher, principal cidade de Darfur, em uma
missão de registro de refugiados.
"O último contato deles por rádio foi no sábado à tarde", disse
Marcus Prior, do WFP. Segundo
ele, foi montada uma operação de
busca dos funcionários.
O governo em Cartum, no entanto, responsabilizou os rebeldes
-com quem retomou negociações ontem, na Nigéria. "Eles não
querem que a situação em Darfur
se estabilize e isso [os seqüestros]
está no contexto de seu comportamento, que tem reiteradamente
alvejado o trabalho humanitário",
afirmou comunicado oficial.
O conflito em Darfur começou
em 2003, quando rebeldes lançaram ataques contra alvos governamentais, acusando Cartum de
favorecer a população árabe em
detrimento da africana.
Grupos de direitos humanos dizem que, em resposta aos ataques,
o governo mobilizou e armou
uma milícia árabe, conhecida como Janjaweed, que começou uma
campanha de "limpeza étnica"
nas aldeias africanas. O conflito já
deixou 1,2 milhão de refugiados e
50 mil mortos. Cartum nega qualquer ligação com as milícias.
Antes do anúncio dos seqüestros, o enviado da ONU para a região, Dennis McNamara, disse
que os refugiados continuam sendo alvo de ataques de milícias armadas, incluindo estupros múltiplos de mulheres e crianças.
"Há relatos suficientes de que
isso ainda é um grande problema.
A segurança tem de melhorar e os
criminosos têm de ser processados", disse McNamara, após visitar campos de refugiados. "Há
uma crise de proteção em Darfur
hoje. Não estamos em condições
de proteger adequadamente civis
refugiados."
O embaixador sudanês no Reino Unido (ex-potência colonial
do Sudão), Hasan Abdin, respondeu que Cartum já havia começado a combater as milícias, mas
que esse seria um processo longo.
"É injusto dizer que nada foi feito.
Mas há, sim, incidentes."
As críticas coincidiram com o
fim do prazo estabelecido pelo
Conselho de Segurança da ONU
para que Cartum desarmasse os
milicianos da Janjaweed e melhorasse as condições de segurança
na região, sob ameaça de sanções.
McNamara evitou dizer, no entanto, que tipo de sanções a ONU
pretende aplicar ou quando. "É
um processo político que tomará
seu próprio caminho."
O Conselho de Segurança deve
se reunir na quinta-feira para definir os próximos passos a serem
tomados, após ter em mãos um
relatório sobre a situação no Sudão produzido por observadores
da União Africana. "Esperamos
que o Conselho de Segurança saia
com uma decisão razoável que
nos permita continuar trabalhando juntos", disse o chanceler sudanês, Mustafa Osman Ismail.
Com agências internacionais
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