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"Decisão significa
fim do Congresso"
LARISSA PURVINNI
da Redação
Para Federico Welsch, professor do Departamento de Pós-Graduação em Ciência Política da
Universidade Simón Bolívar, a
extinção da Comissão Delegada
significa o fim do Congresso. Para
o professor, que se define como
"muito crítico" em relação a Chávez, a decisão concentra poderes
nas mãos do presidente.
Folha - O que significa o fato
de a constituinte extinguir a Comissão Delegada?
Federico Welsch - Significa que
não há mais Congresso. A constituinte assume as funções que ainda eram do Parlamento.
Folha - Isso significa a dissolução do Congresso?
Welsch - Na prática, a assembléia já decretou a morte do Congresso na semana passada (quando proibiu que os parlamentares,
em recesso, realizassem sessão extraordinária). O Congresso não
tem mais o poder de controlar o
Executivo. O que se dirá é que, na
Venezuela, não funciona mais a
divisão de Poderes. Todos sabem
que a constituinte faz o que Chávez quer. Isso significa concentrar
poderes em suas mãos. A assembléia praticamente assumiu o trabalho da Corte Suprema, submetida a uma comissão: se toma decisões a favor do governo, tudo
bem, do contrário, mandam os
membros da corte para casa.
Folha - Pode-se, então, falar
em golpe?
Welsch - Seria um golpe de fato,
mas, legalmente, não, porque a
constituinte interpreta suas atribuições de maneira mais ampla.
Mas não há uma Corte Suprema
que possa dizer quais são de fato
essas atribuições. Com a Comissão Delegada, havia uma democracia formal. Sem ela, institui-se
uma tirania da minoria. Os constituintes (pró-Chávez) foram eleitos com votos de 25% dos eleitores inscritos (a abstenção na votação foi de 53%).
Folha - Qual o cenário mais
provável?
Welsch - O governo não teria
mais o Congresso para culpar pelos problemas. Espero que isso
não ocorra, mas a liberdade de
imprensa poderia ser cerceada.
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