São Paulo, quinta-feira, 31 de outubro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ÁFRICA DO SUL

Nove bombas deixam uma pessoa morta

Governo culpa extremistas brancos por série de explosões em Soweto

BASILDON PETA
DO "THE INDEPENDENT"

O presidente da África do Sul, Thabo Mbeki, acusou ontem extremistas brancos por uma série de nove explosões em Soweto, que matou uma pessoa, abriu um buraco em uma mesquita e destruiu ferrovias.
Uma décima explosão ocorreu mais tarde em um templo budista de Pretória. Autoridades disseram estar tentando determinar se o episódio tinha alguma relação com as explosões em Soweto.
Mbeki disse que as explosões em Soweto eram uma "campanha terrorista para criar um clima político que leve a um golpe".
Ninguém assumiu a autoria dos ataques, mas o chefe da polícia nacional, Jackie Selebi, afirmou que dois homens brancos haviam sido vistos agindo de forma suspeita em um posto de gasolina -onde uma bomba foi depois desativada. "Pensamos que sabemos quem fez isso", disse.
O ministro da Segurança da África do Sul, Charles Nqakula, afirmou que a polícia estava investigando todas as pistas para montar um perfil dos criminosos. "O responsável por isso vai enfrentar todo o poder da lei."
Uma pequena minoria de brancos continua a se opor à democracia multirracial do país e defende uma volta ao regime de apartheid, que terminou em 1994. A maior parte deles descende de colonos franceses e holandeses que chegaram à região há mais de 300 anos.
O AWB (Movimento de Resistência Africâner) ficou conhecido no início dos anos 90 por sua oposição violenta à perspectiva de eleições multirraciais. Seu líder, Eugene Terreblanche, foi preso no ano passado por espancar um negro quase até a morte.
Neste ano, 15 brancos, incluindo três oficiais de alto escalão do Exército, foram acusados de traição, sabotagem e terrorismo por uma suposta conspiração para derrubar Mbeki e "expulsar os negros do país". Eles serão julgados no início do próximo ano.
As explosões de ontem causaram danos extensos a uma mesquita e a uma recém-construída escola islâmica, além de paralisar os serviços ferroviários entre Soweto e Johannesburgo.
"Temos um relacionamento muito bom com todos. Não sabemos por que fomos alvejados", disse o imã Ubada Ntshingane, líder espiritual da mesquita.
Uma das explosões lançou um dormente a centenas de metros da linha ferroviária, que atravessou o telhado de um barraco e matou uma mulher de 42 anos que dormia e feriu seu marido.
Soweto, que fica a 15 km do centro de Johannesburgo e tem cerca de 2 milhões de habitantes, era uma "township", nome pelo qual eram chamadas as áreas construídas pelo governo sul-africano do apartheid para que os negros morassem separados dos brancos.
Em 1976, Soweto se tornou símbolo da luta contra o apartheid, quando dezenas de crianças que se recusavam a ter aulas em africâner, a língua preferida pelo regime, foram mortas pela polícia. Motins irromperam pelo país, e centenas de pessoas morreram.



Texto Anterior: Saiba Mais: Fentanil alivia dores crônicas e tem uso cirúrgico
Próximo Texto: Reino Unido: IRA abandona desarmamento e agrava crise na Irlanda do Norte
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.