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ÁFRICA DO SUL
Nove bombas deixam uma pessoa morta
Governo culpa extremistas brancos por série de explosões em Soweto
BASILDON PETA
DO "THE INDEPENDENT"
O presidente da África do Sul,
Thabo Mbeki, acusou ontem extremistas brancos por uma série
de nove explosões em Soweto,
que matou uma pessoa, abriu um
buraco em uma mesquita e destruiu ferrovias.
Uma décima explosão ocorreu
mais tarde em um templo budista
de Pretória. Autoridades disseram estar tentando determinar se
o episódio tinha alguma relação
com as explosões em Soweto.
Mbeki disse que as explosões
em Soweto eram uma "campanha
terrorista para criar um clima político que leve a um golpe".
Ninguém assumiu a autoria dos
ataques, mas o chefe da polícia
nacional, Jackie Selebi, afirmou
que dois homens brancos haviam
sido vistos agindo de forma suspeita em um posto de gasolina
-onde uma bomba foi depois
desativada. "Pensamos que sabemos quem fez isso", disse.
O ministro da Segurança da
África do Sul, Charles Nqakula,
afirmou que a polícia estava investigando todas as pistas para
montar um perfil dos criminosos.
"O responsável por isso vai enfrentar todo o poder da lei."
Uma pequena minoria de brancos continua a se opor à democracia multirracial do país e defende
uma volta ao regime de apartheid,
que terminou em 1994. A maior
parte deles descende de colonos
franceses e holandeses que chegaram à região há mais de 300 anos.
O AWB (Movimento de Resistência Africâner) ficou conhecido
no início dos anos 90 por sua oposição violenta à perspectiva de
eleições multirraciais. Seu líder,
Eugene Terreblanche, foi preso
no ano passado por espancar um
negro quase até a morte.
Neste ano, 15 brancos, incluindo três oficiais de alto escalão do
Exército, foram acusados de traição, sabotagem e terrorismo por
uma suposta conspiração para
derrubar Mbeki e "expulsar os
negros do país". Eles serão julgados no início do próximo ano.
As explosões de ontem causaram danos extensos a uma mesquita e a uma recém-construída
escola islâmica, além de paralisar
os serviços ferroviários entre Soweto e Johannesburgo.
"Temos um relacionamento
muito bom com todos. Não sabemos por que fomos alvejados",
disse o imã Ubada Ntshingane, líder espiritual da mesquita.
Uma das explosões lançou um
dormente a centenas de metros
da linha ferroviária, que atravessou o telhado de um barraco e
matou uma mulher de 42 anos
que dormia e feriu seu marido.
Soweto, que fica a 15 km do centro de Johannesburgo e tem cerca
de 2 milhões de habitantes, era
uma "township", nome pelo qual
eram chamadas as áreas construídas pelo governo sul-africano do
apartheid para que os negros morassem separados dos brancos.
Em 1976, Soweto se tornou símbolo da luta contra o apartheid,
quando dezenas de crianças que
se recusavam a ter aulas em africâner, a língua preferida pelo regime, foram mortas pela polícia.
Motins irromperam pelo país, e
centenas de pessoas morreram.
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