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ELEIÇÕES NA VENEZUELA
Pesquisas dão vitória à situação em eleições locais na Venezuela; líder da oposição arrisca perder governo
Chávez deve prevalecer em pleito regional
FABIANO MAISONNAVE
DA REDAÇÃO
Enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva corre o risco de
colher derrotas amargas nas eleições de hoje, o seu colega venezuelano, Hugo Chávez, deve terminar o domingo comemorando
uma histórica vitória sobre a oposição nas eleições para governador, prefeito e deputado estadual.
Dois meses e meio depois de ganhar o plebiscito que assegurou a
sua permanência no poder, Chávez deve conquistar a maioria dos
23 Estados, impedir a reeleição do
principal líder da oposição e
avançar sobre as 337 prefeituras
em disputa -hoje, a maioria está
nas mãos de antichavistas.
"Será uma vitória vermelha em
todos os lugares, uma maré vermelha bolivariana", discursou
Chávez recentemente. Desde o
plebiscito, ele tem falado que as
eleições regionais serão cruciais
para "aprofundar a revolução".
Pesquisas eleitorais recentes
mostram o governador de Miranda (região de Caracas), Enrique
Mendoza - no poder desde 1995
e que até o plebiscito era cotado
para sair candidato a presidente
caso Chávez perdesse aquela votação-, sendo derrotado pelo
chavista Diosdado Cabello.
Chávez está jogando todas as fichas no Estado, o segundo mais
populoso do país, e espera dominar também o Legislativo estadual e várias prefeituras.
As pesquisas também apontam
a vitória oficialista no governo
metropolitano de Caracas, onde o
oposicionista Alfredo Peña até renunciou à candidatura.
O oficialismo, porém, está poucos pontos atrás em Zulia (noroeste), Estado populoso do país
onde se concentra a indústria petrolífera, hoje com a oposição.
Para ganhar ali, Chávez, que é
tenente-coronel, escolheu o general Alberto Gutiérrez, um dos
muitos militares que deixaram a
caserna para disputar as eleições
pelo oficialismo.
Ao todo, oficialismo deve ganhar de 18 a 20 Estados, contra os
15 atuais. A única derrota certa é
no pouco importante Estado de
Nova Esparta, atualmente governada por um chavista.
Abstenção
Além do impulso conquistado
pela vitória no plebiscito de 15 de
agosto, Chávez foi beneficiado pela péssima estratégia da Coordenação Democrática (CD, coalizão
oposicionista) após a derrota.
Contrariando o parecer dos observadores internacionais de que
a votação havia sido limpa, a CD
insiste até hoje na existência de
uma megafraude nas urnas eletrônicas a favor de Chávez.
A decisão acabou dividindo a
oposição em três: alguns, como o
governador de Zulia, Manuel Rosales, reconheceram logo a vitória
de Chávez.
Dois partidos discordaram da
posição predominante na CD -a
de continuar denunciando a fraude, mas participar das eleições regionais- e decidiram boicotar o
pleito.
Com isso, em vários Estados e
municípios, o campo oposicionista saiu com dois ou mais candidatos, favorecendo Chávez.
Para o eleitor antichavista (41%
no último plebiscito), a mensagem não podia ser pior, e o resultado é que candidatos como Mendoza agora centram seus esforços
para convencer o eleitorado a votar mesmo acreditando que houve fraude na vitória chavista. Na
Venezuela, o voto é facultativo.
Além disso, o Centro Carter e a
Organização dos Estados Americanos decidiram não atuar como
observadores novamente, alegando que a oposição não reconheceu o trabalho feito no plebiscito.
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