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Fraudes eleitorais são comuns na história dos EUA
DA REDAÇÃO
"MUITOS DAQUELES CARAS no governo devem tudo a mim. Eu os fiz. Sim, eu os fiz da mesma maneira que
um alfaiate pega panos e faz um terno... Pego meus rapazes para conseguir os votos. E eles contam e recontam os
votos até a conta ficar certa e ele se eleger." Essa frase, dita pelo personagem de Edward G. Robinson no filme
"Paixões em Fúria" ("Key Largo", 1948), dá um pouco
da idéia da tradição americana de fraudes eleitorais.
A mais famosa das chamadas
"máquinas políticas" foi a Tammany Hall, que controlou o Executivo e o Legislativo de Nova
York do fim do século 18 até a metade do século passado. Com William Marcy Tweed (1823-78), ou
simplesmente "Boss Tweed", como seu mais importante chefe, essa máquina mantinha o domínio
da cidade, numa organização hierárquica que ia da prefeitura até o
nível de bairros e ruas, por meio
de corrupção e concessão de favores, contratos, cargos e empregos
em troca de votos.
O último grande representante
dessa linhagem de chefes foi Richard J. Daley, prefeito de Chicago entre 1955 e 1976, quando morreu. Historiadores o apontam como um dos maiores responsáveis
por John Kennedy ter tornado-se
presidente, vencendo Richard Nixon na mais apertada das eleições
americanas modernas (apenas
113 mil votos de diferença), em
1960. Kennedy teria ganhado em
Illinois, com a ajuda de Daley, e
no Texas por meio de fraudes.
Os republicanos chiaram, mas,
segundo se diz, o roubo de votos
aconteceu por meios que não apareciam em recontagens (por
exemplo, colocando-se cédulas a
mais nas urnas).
O conservador jornal "Chicago
Tribune" chegou a afirmar em
suas páginas: "Uma vez que uma
eleição foi roubada em Cook
County [um dos locais onde houve denúncias], ela permanece
roubada".
O respeitado jornalista Seymour Hersh, que em 1998 lançou
o livro "The Dark Side of Camelot", uma exposição do "lado negro" de John Kennedy, afirma que
um ex-promotor do Departamento da Justiça que ouviu fitas
com gravações de escutas telefônicas feitas pelo FBI chegou à conclusão de que Nixon foi roubado
em Illinois. Segundo Hersh, essa
também era a convicção de J. Edgar Hoover, o poderoso chefe do
FBI por quase cinco décadas.
Nixon, que renunciou à Presidência em 1974 por causa do escândalo de Watergate (um caso
iniciado com a instalação, por
parte dos republicanos, de escuta
ilegal na sede do Partido Democrata), em sua autobiografia disse
que não contestou a derrota para
não criar uma crise institucional.
Um dos maiores ícones da política americana, Kennedy acabou
tendo as partes menos nobres de
sua biografia apagadas pelas imagens mais impactantes de sua juventude e de seu trágico assassinato. Na sua primeira eleição para
um cargo público, o seu poderoso
pai tentou afastar os demais candidatos por todos os meios.
Depois que a oferta de dinheiro
para que desistissem da candidatura não deu certo, a família Kennedy encontrou uma pessoa que
tinha o mesmo nome de um dos
candidatos e a inscreveu na eleição (dividindo, assim, os votos
entre os dois). O outro rival de peso teve sua campanha inviabilizada depois que os Kennedys fizeram um acordo com o dono do
"Boston American" para que o
jornal não fizesse nenhuma menção ao candidato nem vendesse a
ele espaço para anúncios.
Lyndon Johnson, que herdou a
Presidência após o assassinato de
Kennedy em 1963, começou a sua
carreira no Senado por vias tortas.
O biógrafo do político, Robert Caro, cujo trabalho foi premiado
com um Pulitzer, apresenta em
seu livro até uma foto dos apoiadores de Johnson ao lado de uma
urna que foi "extraviada" e permitiu a vitória do futuro senador
na prévia que indicou o candidato
do Partido Democrata à eleição.
Nos EUA não há as inúmeras
exigências que existem no Brasil
para a comprovação de identidade -os americanos sequer são
obrigados a ter um documento
como o RG. Eles partem do saudável princípio de que na maioria
dos casos a palavra da pessoa basta. Porém isso facilita bastante na
hora das fraudes. São inúmeros os
casos de repórteres que, para
mostrar a deficiência do sistema
eleitoral, registraram animais para votar. A mesma facilidade encontram estrangeiros que residem no país: sabe-se que ao menos oito dos 19 seqüestradores do
11/9 haviam se registrado como
eleitores americanos.(VP)
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