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Ruim pra quem compra

Pequenas empresas, que têm menos proteção contra disparadas do câmbio, estão aumentando seus preços

Karime Xavier/Folhapress
A diretora da DWS, que importa componentes eletrônicos
A diretora da DWS, que importa componentes eletrônicos

FELIPE GUTIERREZ
PATRÍCIA BASILIO
DE SÃO PAULO

No dia 1º de março, o dólar era cotado a R$ 1,708. Na última sexta-feira, fechou em R$ 2,019. A variação equivale a um aumento de 17,15% em dois meses e 20 dias.

Para as empresas exportadoras ou as que têm concorrentes estrangeiros, não poderia haver notícia melhor.

Mas, para as que usam componentes importados, um aumento como esse pode atrapalhar.

"O pequeno não tem ferramentas para mitigar os custos dessa subida", afirma Paulo Alvim, gerente de mercado e serviços financeiros do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas).

Ele explica que, no mercado financeiro, as grandes empresas fazem negócios para impedir um dano severo ao faturamento. São contratos de hedge cambial, instrumentos de engenharia financeira que fixam uma cotação para determinada data.

No entanto, esses contratos são muito caros e arriscados para uma pequena empresa, diz Alvim.

"O pequeno empresário não tem como fugir."

Gabriel Khatourian Ferronatto, 34, da distribuidora de óculos GH2, ainda não repassou a elevação dos custos para o preço final.

Os óculos correspondem à metade do valor cobrado (o restante divide-se entre serviços e apetrechos como embalagens).

"Não consigo estimar a perda que tivemos [com a variação cambial], mas foi proporcional ao aumento do dólar", afirma.

O importador de vinhos Rogério Salume, da Wine, também evitou reajustar os preços, mas diz que isso será inevitável. "Não tenho medo de perder mercado. Essa mudança também vale para os meus concorrentes."

TRANSFORMAÇÃO

Não são só varejistas importadores que "sofrem" com a subida do dólar. A DWS, de São Paulo, fabrica máquinas de envelopamento para cartões de créditos, cheques e outros documentos.

Cerca da metade dos custos vêm de componentes eletrônicos cotados em dólar.

"Vendemos para grandes clientes, que perguntam o porquê da variação de preços. Diferentemente de um produto para um usuário final, concorremos em editais e temos uma tática de precificação. Tínhamos uma previsão de aumento [do dólar], mas a velocidade foi muito alta", afirma a diretora de novos negócios Andrea Lucia Krobath, 41.

A BCF, que produz portas plásticas sanfonadas, está reajustando a tabela de preços gradualmente. "Estou perdendo margem de lucro", diz Fábio Basilis, 48, diretor-executivo da empresa.

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