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Sucessão é negligenciada em empresas familiares

Falta de planejamento leva a queda de faturamento e problemas com equipe

CAMILA MENDONÇA
DE SÃO PAULO
Alessandro Shinoda/Folhapress
Lorena Kreuger, que assumiu a gestão após a morte do pai
Lorena Kreuger, que assumiu a gestão após a morte do pai

Walid Abdouni, 34, assumiu a Kyowa Tapeçaria aos 19 anos, após a decisão do pai de sair do negócio, que fica em São Paulo, para viver em uma fazenda em Minas Gerais. "Era o sonho dele", diz.
Da concretização do desejo à posse, passaram-se dois meses -período em que o pai começou a desfazer-se das tarefas diárias da empresa.
A saída do fundador, em 1995, porém, não agradou a todos. "Houve resistência de funcionários, fornecedores e clientes", afirma Abdouni.
Dos 30 trabalhadores, o então novo gestor demitiu 11. Os problemas tiveram reflexo no faturamento, que caiu 30%.
A alta de 40% na receita só foi conquistada dois anos depois. Atualmente, a empresa tem 58 funcionários diretos.
Abrir um negócio e vê-lo crescer é sonho de qualquer empreendedor. O problema, dizem especialistas consultados pela Folha, é visualizar o futuro sem estar à frente da empreitada que construiu.
A sucessão é ponto negligenciado por pequenas e médias empresas familiares. "Há a ideia de que os filhos tocarão o empreendimento, mas nem sempre o sonho do pai é o sonho deles", avalia Domingos Ricca, sócio-diretor da DS Consultoria Empresarial.
Outra dificuldade vem do peso da palavra sucessão. "Ela remete à morte", considera Priscilla Mello, sócia da consultoria Defamília.

SEM SAÍDA
Ao descuidar do futuro da empresa, a família pode ser pega de surpresa, atesta Lorena Kreuger, 26. A jovem teve de assumir a Kalmar, de marcenaria naval, ainda na faculdade, de repente.
A morte do pai, fundador do negócio, deixou a família sem ideia de que fazer. A mãe e a irmã de Kreuger não se interessavam pelo negócio. "Sobrou pra mim, mas enxerguei como desafio", conta.
A transição repentina não impactou a equipe, mas fez o faturamento de R$ 60 mil por ano estagnar. Foram necessários alguns meses para que a receita voltasse a crescer.
Deixar a sucessão de lado faz a empresa enfrentar problemas logo na primeira transição, que vão de queda no faturamento ao fechamento do negócio, ocorrido devido ao mau gerenciamento.
"[Se a transição] não for bem-feita, a empresa não sobreviverá", reforça Priscilla Mello, da Defamília.

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