São Paulo, domingo, 01 de fevereiro de 2004


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Estilistas recorrem a pequenos empresários para a confecção das coleções

Fornecedores vão de carona na passarela

Fernando Moraes/Folha Imagem
À esq., Maurício Lupifieri, que fornece pele de avestruz para a coleção de Reinaldo Lourenço (dir.); no centro, modelo veste casaco confeccionado com o material


ROSANGELA DE MOURA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Apesar de os holofotes estarem voltados para os modelos e para os estilistas, micro e pequenas empresas também sobem às passarelas -como a da São Paulo Fashion Week. Fornecedoras de grandes grifes, elas confeccionam detalhes das peças exibidas e criam acessórios para os desfiles.
A bordadeira Mariângela Santana, 47, por exemplo, coordena mais de 300 artesãs do bairro São Bento, em Belo Horizonte (MG), na maioria aposentadas e chefes de família, que fazem o trabalho em todo tipo de tecido, tanto em trajes para festas como em roupas de algodão para o dia-a-dia.
A primeira peça, ou pilotagem, como é conhecida, é feita no ateliê de Santana, que desenvolve o acabamento a pedido dos estilistas. "Alguns só passam o tema do desfile. A criação e a confecção precisam ser determinadas por nós."
O estilista Ronaldo Fraga convidou Santana em 1996 para bordar uma peça para seu desfile, após ter visto alguns bordados que fazia em etiquetas de roupas. Desde então, em todas as suas coleções, Fraga inclui peças e detalhes feitos pelo grupo de bordadeiras, que também trabalham com as grifes Patachou e Renato Loureiro.
A coleção de inverno de Eduardo Suppes, inspirada na preocupação exagerada com o corpo, abriu espaço para a empresa Aruák, convidada pelo estilista para confeccionar os acessórios -entre eles, um pingente que funciona como porta-comprimidos e que será dado como brinde na SPFW, que termina na terça.
Esta é a segunda vez que a empresa, com 28 funcionários, faz parceria com o estilista. Neste ano, desenvolveu várias peças de metal, como correntes e braceletes banhados a ouro -uma tendência forte para a nova estação.
""Após o primeiro evento, tivemos muitos retornos e atingimos um consumidor mais fashion. Agora estamos começando a exportar para Europa e EUA", diz a proprietária, Fátima Liberato.

Teares e segredos
O artista plástico Jair Soares Júnior e sua mulher, Aline Alves de Oliveira Soares, começaram a desenvolver tecidos em tear em sua casa, na cidade de Carmo do Rio Claro, interior mineiro. Sua primeira parceria com um estilista famoso foi um tecido que fizeram para Renato Loureiro. Depois disso, já trabalharam com Lino Villaventura, Patachou e Zoomp.
Foi para a São Paulo Fashion Week deste ano, porém, que eles desenvolveram peças acabadas: três modelos de xale e cachecóis em tamanhos e cores diferentes.
Uma das peças, um xale branco, foi usada pelo ator Rodrigo Santoro no desfile da grife Ricardo Almeida, na última quarta. Foi confeccionada em um tear manual com linha de seda, poliamida e pêlo de coelho. "Os outros detalhes são segredo. Eu não posso revelar", afirma Aline Soares.



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