São Paulo, domingo, 02 de setembro de 2007


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ALÉM DA FRANQUIA

Vontade de se diferenciar decide saída da franquia

Acordo com franqueador define se é possível usar know-how adquirido

Leo Caobelli/Folha Imagem
Maria Alzira Linares, da Lavasecco, rompeu contrato e abriu sua rede de lavanderias


SILAS MARTÍ
WILLIAN VIEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Para um franqueado, abandonar a segurança e as garantias financeiras desse modelo de negócio parece ser uma manobra bastante arriscada.
Mas é uma boa saída para empresários que, passado o susto de entrar no mercado, sentem-se mais bem estabelecidos e decidem abrir um negócio com cara e marca próprias.
Criativa na cozinha, a empresária Fátima Parisi percebeu que a venda de salgados andava em baixa e resolveu deixar a franquia da Empada Brasil para abrir um café com sua cara e sua comida. "Cozinhar era meu hobby. Eu sempre tive jeito para a coisa", conta a empresária.
Antes, porém, entrou em acordo com o franqueador e se comprometeu a vender as mesmas empadas sem usar a bandeira, com liberdade para montar seu próprio cardápio -exatamente o que queria.
"A marca não fez diferença. Muita gente vem para comer empada e acaba almoçando. É menos pela marca e mais pelo ponto", conta Parisi.
Alguns até viram o jogo, passando de franqueado a franqueador. Maria Alzira Linares conta que rompeu o contrato de franquia com uma rede de lavanderias para atender outra clientela e oferecer serviços personalizados, como pequenos reparos na costura e tratamento de peças de couro.
"Tentamos incorporar serviços que não tínhamos na franquia", explica a empresária, que hoje é dona da rede de lavanderias Lavasecco e tem quatro lojas franqueadas e seis próprias -uma delas dentro da Daslu.
O rompimento foi desgastante e complicado, mas valeu a pena, segundo Linares. E ela conseguiu cativar franqueados que, como ela, abandonaram a franquia anterior.
"Já estivemos na pele dos franqueados e sabemos o que eles não querem", conta Linares, que faz questão de se reunir com eles a cada 15 dias e incorporar sugestões de cada um às decisões centrais da marca.

Fim do contrato
Romper o contrato com uma franquia, porém, não é tarefa tão fácil e costuma ter sérias implicações legais.
A Lei de Franquia Empresarial exige que seja definido no documento o que o ex-franqueado poderá ou não fazer com o know-how adquirido enquanto esteve a bordo da franquia (leia mais na página 3).
Quem nunca se preocupou com isso foi Áurea Weber, dona da escola de inglês Just In Time e presidente de uma associação de escolas de idioma não-franqueadas. "Sempre atuei como independente por convicção, por ser da área e achar que o sistema que eu criei é muito melhor do que o de uma franquia."
"Adoro ter liberdade para criar cursos diferentes e dar tratamento específico para as necessidades de cada cliente. Tenho uma escola no mesmo endereço há 18 anos. Não tenho essa fúria expansiva", diz.


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