São Paulo, domingo, 04 de setembro de 2011


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Atacado mira consumidor final

Alto poder de compra da população e concorrência de grandes redes impulsionam mudança

PATRÍCIA BASILIO
DE SÃO PAULO

Foi vendendo roupas para colegas em horários marcados que a empresária Eloísa Pires, 56, dona do atacado de roupas femininas Nem, descobriu um modelo lucrativo de negócio: venda a varejo.
Criada há 30 anos, a marca abriu loja para o consumidor final em 2007 e, a partir daí, acumulou aumento de 15% no faturamento.
"Conforme a demanda pelos produtos cresceu, descobri que negociar com esse público seria lucrativo."
Como Pires, outros micro e pequenos lojistas aproveitam o maior poder de compra da população para ampliar o público-alvo -atendendo também ao consumidor final.
Nos últimos dois anos, "essa tendência tornou-se ainda mais forte", segundo Fernanda Della Rosa, assessora econômica do Conselho do Comércio Atacadista da Fecomercio (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo).
A atratividade dos preços é o maior chamariz de clientes, na avaliação de Rosa. "Os atacadistas que vendem no varejo compram produtos em grande quantidade e, por isso, podem vendê-los por valor inferior ao do mercado."
Com experiência de seis anos no setor de vestuário infantil, Josiane Scudeler, 31, proprietária da marca Camú-Camú, deixou de vender apenas no atacado para apostar, em 2008, também no modelo varejista. A decisão, recorda, veio "a partir da demanda dos próprios clientes".
A dificuldade encontrada no processo foi ter diversidade suficiente de artigos. "No atacado, os produtos costumam seguir o perfil dos lojistas, enquanto, no varejo, temos que diversificar os modelos para atender a mais consumidores", diz.
Para Marcel Solimeo, economista da ACSP (Associação Comercial de São Paulo), com o ingresso de redes atacadistas estrangeiras no Brasil nos últimos anos, pequenos lojistas estão perdendo espaço no mercado. "Microempresas deixarão de vender em grande escala, gradativamente, e migrarão para o modelo varejista", afirma.

CONCORRÊNCIA
Esse é o caso da rede de calçados femininos D.Frent, da empresária Lara Martins, 34. Criada no fim do ano passado, a marca tinha foco no atacado, mas mudou para o varejo on-line em 2011.
As vendas em grande escala, explica a empreendedora, são realizadas apenas para empresas estrangeiras.
"Diante da concorrência dos atacadistas, uma marca pouco conhecida no mercado deve vender no varejo para ter retorno rápido e lucro maior", diz ela, que afirma ter aumentado seu faturamento em 50% devido à mudança.


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