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ALTA TECNOLOGIA
Especialistas apontam lacuna entre empresa e pesquisa acadêmica
Falta de interatividade dificulta obtenção de avanços em nanotecnologia no país; incubadoras são exceção
DA REPORTAGEM LOCAL
A distância entre a academia
e a iniciativa privada está longe
da escala nanométrica, dizem
os especialistas ouvidos pela
Folha. Apesar dos esforços de
governo, entidades e organizações, parte das pesquisas permanece nas universidades -e
não chega à linha de produção.
"Nos mundos acadêmico e
empresarial, há uma dificuldade enorme de conversar", assinala o diretor do departamento
de competitividade e tecnologia da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), José Ricardo Roriz Coelho.
"Enquanto se discute [sobre
nanotecnologia] aqui, lá fora já
é realidade", diz Ronaldo Marchese, diretor da RJR Eventos.
É dele a iniciativa de realizar
uma feira sobre o tema, a Nanotec. "Um dos principais objetivos é diminuir a distância entre
pesquisadores e empresários."
A primeira edição do evento,
em 2005, reuniu 3.500 pessoas.
Para este ano, foi estimada a
participação de 5.000 inscritos.
"Vamos apresentar produtos
finais [elaborados no exterior]
para mostrar a variedade de
itens que existe no mercado."
A Steviafarma é uma das empresas nacionais com investimentos em nanotecnologia.
Para isso, fez parceria com universidades a fim de desenvolver
um medicamento com nanopartículas para reposição hormonal e outro para tratamento
de câncer de próstata.
"Esse trabalho envolve a participação de vários grupos de
pesquisa que contribuirão de
forma decisiva nas diferentes
etapas", explica a diretora de
pesquisa e desenvolvimento,
Helena Meneguetti Hizo, 45.
Além da Universidade Estadual
de Maringá, a companhia conta
com a colaboração da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
"Esse processo tecnológico
industrial será empregado no
desenvolvimento de fármacos
usando nanopartículas para
produzir fórmulas farmacêuticas mais eficientes", diz Hizo.
Segundo ela, o envolvimento
com pesquisa em nanotecnologia foi estratégica. "Foi uma
oportunidade de mercado
identificada pela empresa."
Na frente
A proximidade com universidades faz com que incubadoras
tecnológicas tenham facilidade
no acesso à nanotecnologia.
No Cietec, por exemplo, há
ao menos três empresas que se
dedicam a formular produtos e
serviços com essa tecnologia.
Uma delas é a Electrocell.
Fundada em 2000, a empresa
desenvolveu células de combustível que podem ser utilizadas em marca-passos e laptops.
O diretor Volkmar Ett diz
que a Electrocell tem buscado
estreitar relacionamento com
potenciais clientes. "Tivemos
um bom contato para transferir tecnologia para outra firma.
Vamos também participar de
uma feira do setor a fim de captar clientes", conta.
Mesmo sem ter o produto
pronto -um princípio ativo de
um medicamento com liberação controlada-, a STQ já despertou o interesse de "um grande laboratório farmacêutico".
"Falta cerca de um ano para
finalizar [o projeto]", destaca a
sócia da firma Mariangela de
Burgos Martins Azevedo, 48.
E acrescenta: "O plano de negócio previa que o empreendimento seria de alto risco".
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