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Em SP, convênio para driblar a crise já reúne 62 escolas;
encaminhamento é recompensado com seis primeiras mensalidades
Colégios se unem para dar e receber alunos
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Para tentar escapar da crise, 62
escolas particulares do munícipio
de São Paulo e de cidades em um
raio de até 100 km da capital paulista aderiram a um convênio para
"comprar" e "vender" alunos.
A idéia é aproximar as escolas
que fecham as portas ou interrompem as atividades em algum
período das que podem receber
essa demanda. Quem for "doar"
alunos recomendará aos pais os
demais colégios do convênio,
abrindo espaço, inclusive, para
que eles façam "propaganda" de
seus serviços dentro da escola.
Quem for receber repassará ao
colégio de origem valor equivalente às seis primeiras mensalidades pagas pelo novo aluno.
A matemática do convênio faz
sentido, dizem as escolas. Nesse
negócio, o número de alunos por
classe é o que determina o sucesso
do empreendimento. Como o número de escolas cresce bem mais
rapidamente do que o de alunos,
praticamente todas as instituições
operam com espaço ocioso.
A diminuição do número de escolas é tida como inevitável, por
razões de mercado. O objetivo do
convênio, batizado de "Negócio"
(representando a idéia de combate ao ócio), é tornar esse processo
menos doloroso. As operações
devem começar em setembro.
Papel higiênico e água
A definição do número máximo
de alunos por classe depende ao
mesmo tempo de critérios pedagógicos e administrativos. Cada
classe deve ter contabilidade em
separado: sem comprometer a
qualidade do ensino, precisa ter
número de alunos suficiente para
pagar as próprias despesas, contribuir para o pagamento dos gastos gerais e, é claro, dar lucro.
Para explicar por que vale a pena abrir mão de seis meses de
mensalidade, as escolas "brincam" que, ao ocupar uma carteira
disponível em uma sala já em funcionamento, o novo aluno só aumenta os gastos com papel higiênico e água. A lógica é a do avião
que voa com poltronas vazias.
"Um novo aluno na educação
infantil pode ficar na escola por 13
anos", diz Úmile Calasso, diretor
do colégio Quarup Novo Mundo,
que buscou o convênio para aumentar em até 20% seu alunato.
O Cidade de São Paulo, que iniciou suas atividades neste ano,
após a fusão dos tradicionais Logos, Mater Dei e Bem Me Quer,
também integra o convênio.
Com cerca de 900 alunos, diz ter
espaço para 1.500. Nas classes de
1ª a 4ª séries, onde caberiam 25, há
em média 18 alunos; nas turmas
de 5ª a 8ª, estudam 27 onde seria
possível acomodar 32 ou mesmo
35, sem comprometer a qualidade, explica Sylvio Gomide, do
conselho diretor do colégio.
Várias escolas, sobretudo as que
vão "vender" alunos, não quiseram dar entrevistas -temem que
sua presença no convênio seja vista como sinal de que vão fechar.
"Estar no grupo não significa estar mal", lembra João Paulo Nogueira, administrador do convênio e consultor da Ipso Dados.
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