São Paulo, domingo, 08 de dezembro de 2002


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PROTETOR SOLAR

Estação do calor chega a reduzir o faturamento do comércio na cidade de São Paulo em até 9%

Evite que o verão "esfrie" os negócios

Fernando Moraes/Folha Imagem
João Garcia, sócio do restaurante Aria, programou um "festival de verão" para atrair mais clientes


RENATO ESSENFELDER
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O verão começa daqui a duas semanas. Para muitos empresários, a notícia sinaliza que é chegada a hora de suar muito. Mas não na praia, nem no campo, nem à beira de piscinas. Quem quer evitar que o verão esfrie as vendas em certos setores terá de trabalhar dentro do escritório ou atrás do balcão.
O presidente da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomércio-SP), Abram Szajman, afirma que em janeiro verifica-se uma queda de até 9% no faturamento real do setor em relação à média do resto do ano.
Os motivos, diz, são "o esvaziamento da região metropolitana de São Paulo, a queda no orçamento disponível por conta de dívidas de início de ano -matrícula e material escolar, IPVA, IPTU e outras- e prestações resultantes das festas de dezembro".
Para contornar esse problema, a recomendação de especialistas da área é planejar muito bem o fluxo de caixa e agir com criatividade.
"Há uma sazonalidade inevitável, mas o empreendedor tem de procurar soluções para minimizar os danos", diz o diretor de economia da Associação Comercial de São Paulo, Marcel Solimeo.
Segundo ele, se os frequentadores de um determinado negócio "somem" durante o verão, pode ser interessante focar o produto ou o serviço da empresa em outros segmentos de público.
"Dá para atrair a população de baixa renda com promoções e chamar a atenção de moradores do interior que vêm à capital para fazer compras ou turismo em São Paulo em janeiro, por exemplo."

União faz a força
O presidente da regional paulista da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH-SP), Nelson Baeta Neves, completa, contudo, que o setor de turismo sofre muito na época. "Quem tem resort em praias fatura mais no verão, mas, na cidade de São Paulo, a ocupação média dos hotéis chega a cair pela metade em janeiro."
Para virar o jogo, Neves e Solimeo sugerem o mesmo caminho: associar-se a empresas de variados portes para oferecer descontos conjugados. "Hotéis e pousadas podem fazer parcerias com teatros, casas de shows, companhias de táxi ou ônibus e lojas de vários setores", diz Solimeo.
Segundo o presidente da divisão paulista da Associação Brasileira de Empresas de Eventos (Abeoc), Alexandre Werfel, uma das possibilidades que o setor discute para alavancar o turismo de negócios no mês de janeiro é oferecer uma quantia em dinheiro para cada visitante que as empresas organizadoras de eventos conseguirem trazer para a cidade nessa época.
Por via das dúvidas, é melhor fazer um planejamento orçamentário austero para a época, prevendo dificuldades. O professor da FGV-Eaesp (Escola de Administração de Empresas de São Paulo, da Fundação Getúlio Vargas) Tales Andreassi recomenda que os empresários criem uma reserva nos meses de alta para compensar os tempos mais "magros".
Além disso, o professor sugere que as empresas não contraiam dívidas altas cujo vencimento seja nessa época, pois a movimentação de caixa em janeiro pode não dar conta do recado.
Outras opções são dar férias para os empregados e diminuir o horário de funcionamento, evitando horas extras.
Fechar a empresa durante o período é uma medida perigosa, pois pode fazer com que os clientes percam definitivamente o costume de frequentá-la.
Diversificar o produto -acrescentando um quiosque de sorvetes a uma loja, por exemplo- pode ser uma boa, mas cuidado para não exagerar. "Não é bom mudar totalmente a "cara" do lugar, que pode ficar descaracterizado e virar outro negócio", diz Andreassi.



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