São Paulo, domingo, 11 de fevereiro de 2007


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CARBONO-MOEDA

Soluções simples fazem a diferença

Entre os impactos de ter uma "empresa verde" está a melhoria da imagem perante o cliente

Renato Stockler/Folha Imagem
FÁBRICA SURGIU A PARTIR DE RESOLUÇÃO DO CONAMA (CONSELHO AMBIENTAL) A Midas, que faz a regeneração da borracha do pneu, recebe a matéria-prima de fabricantes que, por lei, são obrigados a reciclar a mesma quantidade de pneus que comercializam

MARIA CAROLINA NOMURA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Se, por um lado, os pequenos empresários ainda têm dificuldade de ingressar no mercado de créditos de carbono, por outro, têm alternativas para lucrar ou, pelo menos, enxugar algumas de suas despesas com a preservação do ambiente.
As soluções, segundo o consultor especializado em desenvolvimento sustentável Rogério Ruschel, 54, vão desde o plantio de mudas de árvores à instalação de torneiras temporizadas (leia quadro acima).
"O mais importante é que o empresário tenha consciência de que seu papel é fundamental na preservação ambiental e que ele deve envolver seus funcionários nesse processo", explica.
Há quase 40 anos no mercado de oficinas mecânicas, o empresário Lázaro José Mano, 47, testemunhou as mudanças tecnológicas do setor e a necessidade de proteger seu entorno.
"Em 1970, os resíduos de óleo e da lavagem da oficina eram jogados na rua; em 1990, no esgoto; atualmente, eu os coloco em uma caixa especial, que evita a poluição ambiental", conta.
O mecânico administra hoje uma oficina construída especialmente para não poluir. "Instalei saída própria para resíduos, caixa de tratamento de esgoto e iluminação natural", descreve Mano, que investiu R$ 5.000 nessas mudanças.

Pequenas alterações
Com R$ 22 a mais na compra de panos para limpar os carros, o mecânico Roberto Edson Seraphim, 48, substituiu as estopas descartáveis por um tecido relavável. "As estopas eram jogadas no lixo e, por causa do óleo, poluíam o ambiente."
Soluções ecológicas que não pesam no bolso do empreendedor, aliás, existem aos montes. A troca de copos plásticos descartáveis por canecas trazidas de casa é um dos exemplos.
Segundo o Ibeam (Instituto Brasileiro de Educação Ambiental), uma pessoa utiliza cerca de oito copos descartáveis por dia. Um número que, multiplicado pela quantidade de funcionários e de dias, pode ultrapassar a casa dos milhares.
Outra maneira de colaborar com o ambiente é escolher fornecedores que não poluem, sugere Luiz Vaiano, 46, proprietário da confecção Canal.
"Nós visitamos todas as fábricas para termos certeza de que sua produção é limpa. Também usamos papel reciclado para produzir os catálogos e os cartões de visita", relata.

Sorriso verde
Outro estímulo para o empresário investir na proteção da natureza é a imagem registrada pelos consumidores.
O estudo sobre a percepção do consumidor em relação à responsabilidade social das empresas, realizado em 2005 pelos institutos Ethos e Akatu, apontou que 30% dos brasileiros "puniram" empresas consideradas irresponsáveis socialmente. Eles "deixaram de comprar ou falaram mal desse produto para outras pessoas".
Para o consultor Rogério Ruschel, a imagem ajuda o empreendedor a vender o produto, mas isso não é o suficiente.
"O empresário deve estar em dia com as certificações internacionais que atestam o cumprimento das normas de gestão ou produção consideradas corretas. As grandes empresas e o mercado internacional para os quais ele vende estão cada vez mais exigentes", acrescenta.


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