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São Paulo, domingo, 13 de julho de 2003


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"Leilão às avessas" já é o formato mais utilizado; empresas ampliam busca por especialistas em licitações

Pregão eletrônico arremata adeptos

DA REPORTAGEM LOCAL

Se antigamente participar de licitação pública era sinônimo de encarar burocracia excessiva, hoje esse cenário vem mudando.
O estabelecimento dos pregões como modalidade de licitação (na forma de medida provisória, em 2000, e depois como lei, em 2002) pode ser apontado como uma revolução de peso nesse sentido.
"O pregão é mais transparente, o que aumenta a segurança das empresas envolvidas", observa Airton Rocha Nóbrega, professor de licitações e contratos da FGV.
O funcionamento dos pregões acontece como um "leilão às avessas". Nele, as empresas apresentam inicialmente suas propostas de custo para que vença o melhor -ou seja, o menor- lance.
"Somente a partir da escolha da proposta é que se parte para a documentação, o que implica ganho de tempo. Antes, todas as candidatas tinham a documentação analisada, e só depois eram vistas as propostas", comenta Roberto Baccará, da RHS Licitações.
Em praticamente todas as esferas governamentais, a modalidade do pregão já é disparado a mais utilizada na escolha de fornecedores. "Atualmente cerca de 80% das licitações já acontecem nesse formato", estima Nóbrega.
Desse total, a maioria é dos chamados pregões presenciais, nos quais representantes de todas as empresas são reunidos num único local para dar os seus lances.
Mas, gradativamente, os pregões eletrônicos prometem roubar a cena dos presenciais. Essas licitações já estão acontecendo, ainda que timidamente, e têm a facilidade de poder agregar, via internet, potenciais fornecedores sediados em extremos do país.
"É uma tendência. As unidades administrativas estão cada vez mais preocupadas em adquirir softwares que fazem o pregão eletrônico. Muitos sistemas de informática estão sendo desenvolvidos para isso", ressalta o advogado Rodrigo Alberto Correia da Silva, especialista em direito público.

Qualificação
Na esteira dessas licitações mais velozes, as empresas começam a se preocupar em ter profissionais qualificados para monitorar o andamento de todo o processo.
Na Fazer Construções e Engenharia, a diretora comercial, Ornella Polloni, 36, dedica-se diariamente às licitações. A empresa fincou o pé nesse mercado em 2000, diante da crise vivenciada pelo setor de construção civil.
"Foi uma resposta à situação econômica, pois ninguém mais fazia construções de alto padrão, que era o nosso nicho. Então passamos a restaurar prédios tombados pelo patrimônio histórico."
Com um olho na internet e outro na atualização constante da documentação, Polloni transformou o serviço prestado ao governo no carro-chefe da empresa. "Agora vamos restaurar o Museu de Zoologia para a Prefeitura de São Paulo", conta a profissional.
Desenvolvedor de soluções tecnológicas que visam diminuir filas em locais de atendimento ao público, o engenheiro Ricardo Gorgueira, 32, resolveu oferecer uma "amostra grátis" do seu software para o Detran-SP (Departamento Estadual de Trânsito).
"Por enquanto, forneço o serviço como contribuição, sem custo. Com isso, pretendo ganhar experiência em atendimento ao governo e começar a concorrer em licitações públicas", diz Gorgueira, que está matriculado em um curso para se aperfeiçoar no tema.


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