São Paulo, domingo, 14 de outubro de 2007


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LUZ DE ALUGUEL

Mercado de aluguéis abre oportunidades de atuação

Empresários buscam atender nichos; mudar cultura é o maior desafio

Danilo Verpa/Folha Imagem
O músico André Cortada aluga seu estúdio para gravação e ensaios


DIOGO BERCITO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Na decoração, diversas velas coloridas presas a lustres e dispostas sobre as mesas iluminam e perfumam o ambiente.
Quando a festa termina, o que restou da cera e do pavio é cuidadosamente recolhido. E o refugo não vai para o lixo: retorna às mãos da empresária Marcela Kalili, 28, que aluga as velas por até R$ 90 cada uma.
Kalili é uma das que investem em um setor cada vez mais especializado: o de locação de produtos e serviços, que incorpora uma miríade de opções, desde móveis corporativos até máquinas de depilação a laser.
"Tudo pode ser alugado", afirma Francisco Guglielme, professor da FGV-SP (Fundação Getulio Vargas). O desafio do empresário, nesse caso, é identificar as demandas para atuar em nichos de mercado.
Na Aluguel de Velas, os itens são locados em unidades, dezenas, centenas e até milhares, dependendo da dimensão dos eventos. Geralmente enfeitam cerca de 30 festas por mês.
Após o uso o cliente devolve o produto, para então ser limpo, restaurado ou derretido. "A vela bonita deve ter cara de usada, para queimar de forma adequada", conta Kalili.
Há também casos de empresas criadas sem intuito de atuar com locação, mas que acabaram se rendendo a essa função.
"O objetivo sempre foi focar na produção", conta o empresário André Cortada, 27, do estúdio musical Ultrasônica. "Mas, como acreditamos em satisfazer as carências do mercado por aluguel de salas, optamos por oferecer esse serviço."
Cortada aluga espaços preparados acusticamente para atender às demandas dos clientes -desde ensaios de bandas até gravação de músicas.
Como serviços adicionais, oferece aluguel de guitarras e de pratos de bateria e o serviço de um técnico para auxiliar no manuseio dos equipamentos.
A estratégia já rendeu louros: segundo o empresário, profissionais como as cantoras Wanessa Camargo e Bebel Gilberto contrataram seus serviços.
O maior desafio, conta Cortada, é competir com estúdios informais, que não pagam impostos e utilizam softwares piratas.

Contracultura
Antes de abrir uma empresa especializada em locação, contudo, é preciso avaliar com cuidado a demanda do mercado.
"Nossa cultura ainda é muito resistente à idéia de ter algo alugado, a não ser na área de eventos", afirma Guglielme.
O professor Claudio Felisoni de Angelo, da Fundação Instituto de Administração, concorda. Para ele, além de cultural, há uma explicação histórica: "Nos períodos de grande inflação, as pessoas materializavam ativos em coisas concretas".


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