São Paulo, domingo, 15 de setembro de 2002


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Para consultor, alta tecnologia é risco; empresários recomendam variar produtos e público

Depuração do mercado já fecha lojas

Fernando Moraes/Folha Imagem
Carlos Darin, sócio de uma "LAN house", que, sempre que possível, junta-se aos jogadores na loja


FREE-LANCE PARA A FOLHA

O segmento de "LAN houses" tem poucas redes consolidadas, mas a tendência é que o mercado comece a tornar-se muito competitivo a partir deste ano.
"Até seis meses atrás, só se viam novas lojas abrindo. Agora, as primeiras já começam a fechar. É sinal de que está acontecendo uma depuração do mercado", diz Othon Barcellos, da "LAN house" Just4fun, que licencia a marca por uma taxa de R$ 20 mil.
A única rede de franquias do setor, a Monkey (que tem 32 lojas em todo o país), também avalia que a concorrência está começando a crescer. "Mas isso é bom, há a necessidade de massificar o conceito, muita gente ainda não sabe o que é uma LAN", afirma o gerente de comunicação da rede, Leonardo De Biase. A taxa para a franquia é de R$ 29 mil.

Alta tecnologia
Embora os proprietários de "LAN houses" se digam animados com o crescimento do setor, a concorrência exige profissionalismo e cuidados especiais.
O professor de empreendedorismo da Eaesp-FGV (Escola de Administração de Empresas de São Paulo, ligada à Fundação Getúlio Vargas) Tales Andreassi afirma que essa característica de negócio de alta tecnologia também traz um "problema". "Essas tecnologias estão sujeitas a serem substituídas por outras mais novas. Nesse ponto, é um risco."
Assim, o conselho aos empreendedores é que procurem manter-se atualizados, tomem contato com o que está acontecendo no mercado internacional e invistam nas inovações que surgirem.

Modismo
Mas será que a explosão dos jogos em rede é apenas um modismo, como o kartismo indoor e o paintball? Para o professor Andreassi, a bolha que existe é a forma como está se dando a expansão do negócio. "O grupo de usuários vai crescer ainda, depois diminuir e, então, estabilizar-se. Os jogos têm um público muito específico, cativo, para o qual as LANs nunca serão modismo", afirma o especialista.
Empresários e usuários demonstram otimismo. "É como sair para ir ao cinema. O objetivo é divertir-se, passar o tempo. Isso não é modismo", opina o estudante de medicina e frequentador de LANs Décio Sato, 24. Ele costuma jogar de três a quatro vezes por semana com os amigos.
Segundo o estudante, como a indústria do entretenimento está constantemente desenvolvendo novos softwares, não há risco de os usuários cansarem de jogar.
Os números do setor de desenvolvimento de jogos nos Estados Unidos refletem a força do mercado. Em 2001, a indústria arrecadou US$ 9,4 bilhões, contra US$ 8,35 bilhões movimentados por Hollywood no mesmo período.

Diversidade
Para se prevenirem contra um eventual refluxo de mercado e criar diferenciais diante da concorrência, os empresários do setor apelam para a criatividade.
Alexander Hlebanja, que inaugurou no último dia 3 a "LAN house" Cyber Games & Internet, decidiu oferecer, além dos tradicionais jogos e acesso a internet de banda larga, serviços de aluguel de câmeras digitais e webcams, impressão e digitalização de documentos.
Além disso, Hlebanja instalou uma franquia da Casa do Pão de Queijo dentro da "LAN house". A lanchonete já responde por 30% do faturamento da casa, que recebe uma média de cem clientes por dia. A taxa de permanência dos usuários nos computadores gira em torno de duas horas.

24 horas
Como a maioria das "LAN houses" funcionam em períodos muito longos, de 18 a 24 horas diárias, incluindo finais de semana e feriados, uma alternativa pode ser a variação do público-alvo, para ter um leque maior de clientes.
Na Just4fun de Moema (zona sul de São Paulo), o público adolescente típico domina o período das 15h às 18h, usando mais os serviços de jogos em rede.
À noite, o público se torna mais adulto. "Muitos garçons e barmen que trabalham na região chegam a partir da meia-noite", diz Barcellos. De madrugada, a maior fonte de renda são os usuários de internet, que conferem e-mails ou acessam salas de bate-papo. (RENATO ESSENFELDER)


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