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Renato Stockler/Folha Imagem
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O franqueado Fernando Lino Cardoso (à esq.), que precisou de ajuda extra do franqueador Elisio Joffre |
QUEDA-DE-BRAÇO
"Franquia-analgésico" inexiste
Creditar ao modelo de negócio a função de blindar o empresário de problemas é erro tático
MARIANA BERGEL
DA REPORTAGEM LOCAL
Se você é empreendedor de
primeira viagem e pretende
aderir ao sistema de franquia
para isentar-se de dificuldades
na condução do negócio, saiba
que o modelo não é -nem pretende ser- um escudo infalível.
Falhas de comunicação, distanciamento da rede, falta de
comprometimento, insuficiência de suporte, análise incorreta de mercado, escolha inadequada do ponto comercial e
desmotivação: não faltam
exemplos de problemas apontados por franqueados. A grande questão é como evitá-los.
É muito comum que as expectativas de ambos acabem
desniveladas, segundo Ana
Vecchi, consultora de empresas especializada em gestão de
negócios. "Uma das grandes
queixas dos franqueados é a falta de estrutura do franqueador
em termos de equipe", exemplifica a consultora.
Para viabilizar sua franquia,
o administrador de empresas
Fernando Lino de Vasconcelos
Pereira Cardoso, 53, proprietário de uma loja da rede Mundo
Verde na zona sul de São Paulo,
precisou investir cerca de 50%
a mais do que havia previsto.
"O meu franqueador fez estimativas de evolução de faturamento e previsão de alcançar o
ponto de equilíbrio que não se
concretizaram", diz Cardoso.
A expectativa era que os objetivos fossem alcançados em dez
meses, mas, na prática, foi necessário o dobro desse tempo.
"Fiquei em uma situação financeira muito delicada. Tive
de recorrer a empréstimos bancários e pagar juros", conta.
Para solucionar o problema,
Elisio Joffe, franqueador da
Mundo Verde, concedeu para
aquela unidade alguns benefícios que viabilizaram o progresso do empreendimento.
"No período em que eu não podia pagar tudo certinho, eles
me ajudaram", afirma Cardoso.
Antecedentes
Em geral, os problemas entre
franqueados e franqueadores
se repetem, segundo o advogado especializado em litígios de
franquias Gustavo Viseu.
"É muito importante verificar antes [na Justiça] se existem ações movidas contra o
franqueador e qual é o objeto
delas", sugere o especialista.
"Há a obrigação de a informação constar da circular de franquia, mas é recomendável fazer
uma checagem dupla."
Para evitar problemas futuros, a sugestão é consultar a
opinião de terceiros antes de
assinar o contrato e conversar
com atuais ou ex-franqueados.
"É obrigatório fornecer os contatos de todos os franqueados
que se desligaram da rede nos
últimos 12 meses. Vale a pena
contatá-los", diz Viseu.
Na hora de resolver os dilemas entre a rede e o empresário, dificulta a falta de uma jurisprudência específica para
resolver as questões de relacionamento (leia mais à pág. 3).
Nesses casos, o Judiciário utiliza como base a Lei de Franquia.
"Por ser matéria complexa
tanto do ponto de vista jurídico
como da perspectiva comercial,
relativamente nova e com lei
específica que não regula o contrato em si ou as obrigações de
franqueados e franqueadores,
os juízes costumam aplicar os
princípios gerais do Direito",
explica a advogada especializada em franchising da Menezes
e Lopes Advogados, Patrícia
Gonzalez Baubeta.
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