São Paulo, domingo, 17 de setembro de 2006


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EM FOCO - BARES TEMÁTICOS

Botequins apostam em nichos para ter sucesso

Cuidados com o tema devem estar presentes do ambiente ao cardápio

ANDRESSA ROVANI
DA REPORTAGEM LOCAL

Montar um bar parece, à primeira vista, tarefa fácil. Mas, quando a empresa começa a funcionar, fica claro que agradar a todos os gostos é uma missão que beira o impossível.
Tendência internacional há mais de dez anos e já aportado no Brasil, o conceito de bares temáticos se rende ao desafio de unir atmosfera diferenciada e boa comida. O "eating entertainment", como é conhecido, exige conhecimento do tema, investimento na caracterização do local e cardápio à altura.
Para a professora de estratégia de negócios da BBS (Brazilian Business School), Camila Holpert, o nicho vale a pena. "As pessoas estão buscando se inserir no que gostam", afirma. Mas avisa: "A única coisa que pode ser prejudicial é a possível falta de comprometimento dos bares com o tema".
Na Europa, cita Holpert, há bares "de cinema", por exemplo, em "que clientes fazem mostras de filmes e coorde-nam determinado evento".
O "cubano" Rey Castro, em São Paulo, foi formatado e é administrado pela Yaga Entertainment, empresa de implantação de espaços temáticos, com atuação em vários países.
"É como fazer uma viagem à Havana", exagera o empresário Leo Sanchez. E justifica: "O grande público do bar são os cubanos que estão na cidade".
Quando o abriu, Sanchez achava que a procura pelo bar seria "40% por gastronomia e 60% por balada". Hoje, o jantar movimenta 90% do negócio.
"Não se pode mentir para o cliente. Ele quer um produto bem-feito, não um bar mexicano só com a bandeira pendurada e um sombreiro", indica.
Criar vínculo entre o negócio e o consumidor é fundamental. "A proposta não pode ser superficial. Para isso, não é só a ambientação que conta, mas o conteúdo. Ao buscar um tema, o cliente quer agir e ser co-autor do lugar", aponta Holpert.

Mais do mesmo
Se não for bem planejado, um bar temático pode cansar a clientela. Por isso, apesar de engessado em um assunto único, mudar deve ser regra.
O empresário Rogério Pires, 29, aposta nesse viés. Ele tem três bares temáticos em sociedade com um grupo de empresários. Há três anos, abriu o primeiro, o Corleonne, inspirado no filme "O Poderoso Chefão".
Mais tarde, vieram o Coppola, com referências ao diretor de cinema, e o recém-aberto Bar do Arnesto, um boteco inspirado nos antigos armazéns paulistanos da década de 60.
O Corleone tem decoração art déco, garçons com suspensórios e cardápio da "autêntica máfia italiana". Para parecer sempre novo, mudam a decoração e o que sai da cozinha.
"O primeiro ano foi excelente e recuperamos o capital em seis meses. Mas, depois, o faturamento passou a oscilar", diz Pires. "A maior vantagem de um bar temático é que ele já nasce com público cativo", arremata.


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