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EM FOCO - BARES TEMÁTICOS
Botequins apostam em nichos para ter sucesso
Cuidados com o tema devem estar presentes do ambiente ao cardápio
ANDRESSA ROVANI
DA REPORTAGEM LOCAL
Montar um bar parece, à primeira vista, tarefa fácil. Mas,
quando a empresa começa a
funcionar, fica claro que agradar a todos os gostos é uma
missão que beira o impossível.
Tendência internacional há
mais de dez anos e já aportado
no Brasil, o conceito de bares
temáticos se rende ao desafio
de unir atmosfera diferenciada
e boa comida. O "eating entertainment", como é conhecido,
exige conhecimento do tema,
investimento na caracterização
do local e cardápio à altura.
Para a professora de estratégia de negócios da BBS (Brazilian Business School), Camila
Holpert, o nicho vale a pena.
"As pessoas estão buscando se
inserir no que gostam", afirma.
Mas avisa: "A única coisa que
pode ser prejudicial é a possível
falta de comprometimento dos
bares com o tema".
Na Europa, cita Holpert, há
bares "de cinema", por exemplo, em "que clientes fazem
mostras de filmes e coorde-nam determinado evento".
O "cubano" Rey Castro, em
São Paulo, foi formatado e é administrado pela Yaga Entertainment, empresa de implantação de espaços temáticos,
com atuação em vários países.
"É como fazer uma viagem à
Havana", exagera o empresário
Leo Sanchez. E justifica: "O
grande público do bar são os
cubanos que estão na cidade".
Quando o abriu, Sanchez
achava que a procura pelo bar
seria "40% por gastronomia e
60% por balada". Hoje, o jantar
movimenta 90% do negócio.
"Não se pode mentir para o
cliente. Ele quer um produto
bem-feito, não um bar mexicano só com a bandeira pendurada e um sombreiro", indica.
Criar vínculo entre o negócio
e o consumidor é fundamental.
"A proposta não pode ser superficial. Para isso, não é só a
ambientação que conta, mas o
conteúdo. Ao buscar um tema,
o cliente quer agir e ser co-autor do lugar", aponta Holpert.
Mais do mesmo
Se não for bem planejado, um
bar temático pode cansar a
clientela. Por isso, apesar de
engessado em um assunto único, mudar deve ser regra.
O empresário Rogério Pires,
29, aposta nesse viés. Ele tem
três bares temáticos em sociedade com um grupo de empresários. Há três anos, abriu o primeiro, o Corleonne, inspirado
no filme "O Poderoso Chefão".
Mais tarde, vieram o Coppola, com referências ao diretor
de cinema, e o recém-aberto
Bar do Arnesto, um boteco inspirado nos antigos armazéns
paulistanos da década de 60.
O Corleone tem decoração
art déco, garçons com suspensórios e cardápio da "autêntica
máfia italiana". Para parecer
sempre novo, mudam a decoração e o que sai da cozinha.
"O primeiro ano foi excelente
e recuperamos o capital em seis
meses. Mas, depois, o faturamento passou a oscilar", diz Pires. "A maior vantagem de um
bar temático é que ele já nasce
com público cativo", arremata.
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