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ALEMANHA EM FOCO
Fornecer ao setor é alternativa
Viagens em alta estimulam as vendas de produtos específicos a hotéis e restaurantes
CÁSSIO AOQUI
EDITOR-ASSISTENTE DE NEGÓCIOS
Em um dia em férias na praia,
Marcelo Badala, 38, sentiu-se
incomodado por ter de cobrir o
rosto com as mãos sempre que
queria conversar com alguém,
para proteger os olhos do sol.
O grito de eureca veio antes
mesmo de entrar na banheira:
naquele dia, surgiu a idéia de
criar o Badala Sol, uma espécie
de disco que, preso à cadeira
por um sistema móvel, permite
fazer sombra na área do rosto.
Após investir "cerca de R$
200 mil" no protótipo e nas patentes, o empreendedor busca
um parceiro que possa aplicar
R$ 100 mil a fim de diminuir o
custo de produção da invenção.
"Meu objetivo é vender para
grandes redes de hotel, que o
usarão na piscina", diz Badala.
Quem também está de olho
nos turistas é Nelson Neves Jr.,
44, gerente da Adler Brasil. Seu
objetivo, porém, é diferente:
aproveitar os viajantes para escoar as vendas da cachaça Amazon, que acaba de desenvolver.
"A idéia é atrair o cliente estrangeiro. Exploramos o ufanismo na embalagem, que tem
uma arara azul", conta Neves.
Ambos são exemplos de empresários atentos à efervescência do turismo em anos recentes, mas que, em vez de investir
em um negócio no setor, preferiram os bastidores aos holofotes e se tornaram fornecedores.
Badala e Neves apresentaram seus produtos na Fistur
2007 (Feira Internacional de
Serviços de Turismo), a primeira voltada só para fornecedores
do setor, que aconteceu na semana passada em São Paulo.
Entusiasmados, os expositores prevêem dias de bonança a
quem se especializa na venda a
hotéis, restaurantes e eventos.
"O turismo de negócios em
São Paulo, por exemplo, é um
nicho de mercado em ascensão", crava Andréa Cavalheiro,
da Trevo, que fornece produtos
de limpeza ao setor hoteleiro.
"A demanda está cada vez
maior, pois o segmento está se
aperfeiçoando e quer dar tratamento diferenciado ao cliente",
reitera Antonio Diniz, 54, da
Donna, que vende doces em
embalagens personalizadas.
Espinhos no jardim
Nem tudo, porém, são flores.
Urania Matarazzo, gerente da
loja de móveis Thonarte, é uma
das que vêem com ponderação
o aquecimento do setor. "Para
alguns segmentos, como o de
móveis de alta qualidade, o movimento caiu bastante. Há muitos empresários sem experiência que abrem negócios preocupados com preços, sem se importar com qualidade", alerta.
Na avaliação do consultor do
Sebrae-SP (Serviço Brasileiro
de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas) Julio Alencar, quem
pretende ser fornecedor em turismo deve ter em mente que "a
qualidade é essencial na visão
de quem usufrui do produto,
não na de quem paga por ele".
Para os dispostos a entrar no
mercado, diz Alencar, há nichos promissores, como os de
software de gestão e de sites.
"Serviços e equipamentos
para atender a melhor idade
são outros nichos de mercado
que carecem de fornecedores",
acrescenta Ariadne Pedra Bittencourt, do Centro de Excelência em Turismo da UnB
(Universidade de Brasília).
Segundo ela, tanto o setor de
turismo como os adjacentes
ainda não atendem a parâmetros de exigência internacional.
"Mas todos eles crescem com a
mesma velocidade", diz.
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