São Paulo, domingo, 18 de março de 2007


Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ALEMANHA EM FOCO

Fornecer ao setor é alternativa

Viagens em alta estimulam as vendas de produtos específicos a hotéis e restaurantes

CÁSSIO AOQUI
EDITOR-ASSISTENTE DE NEGÓCIOS

Em um dia em férias na praia, Marcelo Badala, 38, sentiu-se incomodado por ter de cobrir o rosto com as mãos sempre que queria conversar com alguém, para proteger os olhos do sol.
O grito de eureca veio antes mesmo de entrar na banheira: naquele dia, surgiu a idéia de criar o Badala Sol, uma espécie de disco que, preso à cadeira por um sistema móvel, permite fazer sombra na área do rosto.
Após investir "cerca de R$ 200 mil" no protótipo e nas patentes, o empreendedor busca um parceiro que possa aplicar R$ 100 mil a fim de diminuir o custo de produção da invenção.
"Meu objetivo é vender para grandes redes de hotel, que o usarão na piscina", diz Badala.
Quem também está de olho nos turistas é Nelson Neves Jr., 44, gerente da Adler Brasil. Seu objetivo, porém, é diferente: aproveitar os viajantes para escoar as vendas da cachaça Amazon, que acaba de desenvolver.
"A idéia é atrair o cliente estrangeiro. Exploramos o ufanismo na embalagem, que tem uma arara azul", conta Neves.
Ambos são exemplos de empresários atentos à efervescência do turismo em anos recentes, mas que, em vez de investir em um negócio no setor, preferiram os bastidores aos holofotes e se tornaram fornecedores.
Badala e Neves apresentaram seus produtos na Fistur 2007 (Feira Internacional de Serviços de Turismo), a primeira voltada só para fornecedores do setor, que aconteceu na semana passada em São Paulo.
Entusiasmados, os expositores prevêem dias de bonança a quem se especializa na venda a hotéis, restaurantes e eventos.
"O turismo de negócios em São Paulo, por exemplo, é um nicho de mercado em ascensão", crava Andréa Cavalheiro, da Trevo, que fornece produtos de limpeza ao setor hoteleiro.
"A demanda está cada vez maior, pois o segmento está se aperfeiçoando e quer dar tratamento diferenciado ao cliente", reitera Antonio Diniz, 54, da Donna, que vende doces em embalagens personalizadas.

Espinhos no jardim
Nem tudo, porém, são flores. Urania Matarazzo, gerente da loja de móveis Thonarte, é uma das que vêem com ponderação o aquecimento do setor. "Para alguns segmentos, como o de móveis de alta qualidade, o movimento caiu bastante. Há muitos empresários sem experiência que abrem negócios preocupados com preços, sem se importar com qualidade", alerta.
Na avaliação do consultor do Sebrae-SP (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) Julio Alencar, quem pretende ser fornecedor em turismo deve ter em mente que "a qualidade é essencial na visão de quem usufrui do produto, não na de quem paga por ele".
Para os dispostos a entrar no mercado, diz Alencar, há nichos promissores, como os de software de gestão e de sites.
"Serviços e equipamentos para atender a melhor idade são outros nichos de mercado que carecem de fornecedores", acrescenta Ariadne Pedra Bittencourt, do Centro de Excelência em Turismo da UnB (Universidade de Brasília).
Segundo ela, tanto o setor de turismo como os adjacentes ainda não atendem a parâmetros de exigência internacional. "Mas todos eles crescem com a mesma velocidade", diz.


Texto Anterior: Empreendimentos hoteleiros do Rio buscam aumentar a ocupação dos leitos
Próximo Texto: Eventos: Panrotas e The Leading Hoteels of the World fazem encontros em SP
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.