São Paulo, domingo, 18 de abril de 2010


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À MODA ANTIGA

Empresas sobrevivem com tradição

Com os mesmos processos de produção utilizados há décadas, negócios buscam nichos

Apu Gomes/ Folha Imagem
Carlos Runge, dono do Cortumr Runge, na fábrica

JORDANA VIOTTO
DA REPORTAGEM LOCAL

A Fábrica de Ornatos Nossa Senhora da Penha, em São Paulo, produz ladrilhos hidráulicos com a mesma técnica artesanal desde os anos 1930. Nas décadas de 1940 e 1950, quase desapareceu com o advento da produção de cerâmica em escala. Por isso, quando o atual dono, Zilton Michiles, 54, pensou em comprar a empresa, na década de 1980, foi desaconselhado.
À primeira vista, o processo de empresas como essa vai na contramão das cartilhas de gestão, que indicam a inovação na produção como fator de longevidade e prosperidade.
Mas Michiles calcula lucros. Nos últimos dez anos, a demanda da fábrica aumentou 50%, mesmo com o salto da concorrência, de 4 para 30 empresas.
O consultor do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) José Carmo Vieira afirma que sempre existirão pessoas saudosistas ou quem prefiram produtos feita à moda antiga.
Ourivesarias, lojas de discos de vinil, marcenarias, produtores de orgânicos e fábricas de instrumentos musicais como luterias podem ter seu espaço entre os consumidores.
Ele ressalva: "É preciso saber o que o cliente busca".
Caso contrário, corre-se o risco de não ter para quem vender a produção, complementa a professora do Programa de Capacitação da Empresa em Desenvolvimento da FIA (Fundação Instituto de Administração) Dariane Castanheira.
Michiles acompanha as preferências. "[Os consumidores] buscam no trabalho uma forma de personalizar a decoração da casa", destaca ele, que também atende bares e restaurantes.
Há quem procure se adaptar a novas tecnologias, como Carlos Runge, 31, proprietário da Cortume Runge, que fabrica pergaminhos com a mesma técnica há 50 anos.
"Tentamos modernizar a produção e até conseguimos resultados melhores, mas os clientes não gostavam."
A mudança implicava alteração nos processos dos clientes por causa das características diferentes do pergaminho resultante de cada uma das técnicas. Assim, o empresário voltou ao procedimento anterior.

Posicionamento
As empresas são exemplos de que a produção artesanal ainda tem espaço, embora enfrente limites quanto à escala, à capacidade de negociação e à concorrência de novas tecnologias.
"Se estiverem bem posicionadas, elas têm condições de aproveitar nichos de mercado", diz Elismar Álvares, professora da Fundação Dom Cabral.


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