|
Próximo Texto | Índice
DINHEIRO DIFÍCIL
Durante crise, crédito concentra-se em grandes montantes
Pequena firma tem menor fatia no BNDES em 10 anos
Fred Chalub/Folha Imagem
![](../images/52009200901.jpg) |
|
DE CARONA
Cleber Petroni comprou uma Kombi via leasing para fazer as entregas de sua serralheria, a Sercont; "Para capital de giro,
uso o desconto de duplicatas Äa taxa melhorou na
crise"
ANDRÉ LOBATO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
De setembro de 2008, quando estourou a crise financeira
nos Estados Unidos, a junho
deste ano, o bolo do crédito
brasileiro cresceu. O objetivo
foi suprir a escassez internacional de grandes empréstimos.
A fatia dos valores menores,
no entanto, alterou-se pouco
no período. A crise desacelerou
os empréstimos pequenos (de
até R$ 100 mil) e médios (de R$
100 mil a R$ 10 milhões) e acelerou aqueles com valores acima de R$ 10 milhões, segundo
informações do Banco Central.
Embora o BC não registre o
porte do tomador, especialistas
concordam que a fatia de até
R$ 100 mil equivale à realidade
dos pequenos negócios.
"O crédito [para a pequena
empresa] ficou mais difícil na
ponta. O cobertor cresceu, mas
ainda não é o suficiente", avalia
Carlos Alberto dos Santos,
diretor de administração e finanças do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas).
De setembro de 2008 a junho
de 2009, dados do Banco Central mostram crescimento de
8% nos empréstimos pequenos
e queda de 1% nos montantes
médios. O aumento nos empréstimos de mais de R$ 10 milhões, no entanto, foi de 23%.
Com isso, pela primeira vez
na série histórica do BC -iniciada em dezembro de 2004-,
a fatia dos grandes empréstimos superou a dos médios.
Já os pequenos mantiveram
a tendência de queda lenta que
apresentam desde 2006 (veja
gráfico nesta página).
Reconhecidos pelos produtos voltados a micro e pequenas
empresas, Caixa Econômica
Federal e BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social) também
viram as grandes companhias
puxarem o crescimento do
crédito de junho de 2008 a
junho de 2009.
A participação na carteira de
crédito destinada às pequenas
empresas continuou igual apenas no Banco do Brasil. Em
valores emprestados pela instituição, houve aumento de 35%
para os pequenos e de 30% para
os demais.
BNDES e CEF
Já no BNDES, o financiamento das grandes foi 16 vezes
maior do que o das pequenas
empresas. No banco, o primeiro semestre de 2009 foi de extremos na participação das menores no crédito total: 2,6% em
junho (o menor desde 1999) e
15,3% em janeiro (uma das
maiores da década).
Na Caixa, a carteira de crédito das pequenas cresceu 17%,
metade do aumento do total
concedido à pessoa jurídica.
Para especialistas ouvidos
pela Folha, a desproporção se
deve aos empréstimos feitos
por BNDES e Caixa a grandes
empresas, como a Petrobras.
Com a retomada gradual de
mecanismos de financiamento
das grandes empresas, como o
mercado de capitais, o cenário
de concentração deve voltar ao
do período pré-crise, analisa
Rubens Sardenberg, economista-chefe da Febraban (federação dos bancos).
Para Santos, os bons indicadores das pequenas empresas
durante a crise, como a manutenção do emprego, sinalizam
para a "necessidade de mais
políticas públicas e privadas".
Próximo Texto: Fundo garantidor inicia operação em outubro Índice
|