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CAMPINAS
Com vocação inicial para comunicações, fotônica e biotecnologia, região começa a se especializar em informática
Software reprograma "cara" do pólo
GIOVANA TIZIANI
FREE-LANCE PARA A FOLHA, EM CAMPINAS
O pólo tecnológico de Campinas é controverso. Há quem o
compare ao Vale do Silício, da Califórnia (EUA), centro tecnológico mais famoso do mundo, e há
quem diga que ele só atrai empresas estrangeiras, mas não gera tecnologia. O que é certo, porém, é
que nos últimos dez anos ele adquiriu nova cor, dada por pequenas e médias empresas geralmente ligadas à área de software.
O nome "Vale do Silício da
América Latina" existe em razão
de índices generosos. A região
congrega 19 municípios e 13 mil
indústrias, incluindo grandes
companhias como Lucent, IBM,
Motorola e Nortel, entre outras.
Além disso, 85 pequenas e médias
empresas tecnológicas foram
criadas por ex-alunos e professores da Unicamp na última década.
Segundo a Fundação Seade, o
pólo atraiu, entre outubro de 2001
e outubro de 2002, mais de US$
2,5 bilhões em investimentos. Para o Pnud (Programa das Nações
Unidas para o Desenvolvimento),
trata-se da segunda principal área
de inovação da América Latina,
atrás apenas de São Paulo.
Hoje a cidade possui três incubadoras de empresas de base tecnológica. A mais antiga, a da Ciatec (Companhia de Desenvolvimento do Pólo de Alta Tecnologia
de Campinas), ligada à prefeitura,
foi criada em 1985. A da Softex
(Programa para Promoção da Excelência do Software Brasileiro)
surgiu em 2000. A mais recente,
de 2001, é a Incamp (Incubadora
de Empresas de Base Tecnológica), da Unicamp. Juntas, as três
incubam 38 firmas.
O objetivo comum, diz o secretário municipal de Cooperação
Internacional, Pedro Reis Galindo, é "transformar belas idéias em
bons negócios. Queremos alimentar a produção nacional".
O entrosamento entre firmas
estabelecidas no pólo, incubadoras e incubadas, segundo Fábio
Pagani, da Acqua Software (incubada na Softex), ainda está começando, mas é promissor. "Há uma
forte tendência de reunirmos todos em uma entidade reconhecida internacionalmente."
Até 2004 deve sair um estudo de
viabilidade para a construção de
um novo parque tecnológico na
região, com investimento estimado em mais de US$ 1 bilhão.
Sem inovação
Apesar da aparente pujança, para o economista e professor do
departamento de engenharia de
produção da Poli-USP, Renato
Garcia, "se o conceito de pólo tecnológico está associado ao fato de
gerar tecnologia, então o pólo de
Campinas não existe".
O estudioso afirma que é impossível fazer comparações com o
Vale do Silício californiano, pois
Campinas seria uma aglomeração
de empresas que fabricam produtos de tecnologia e que procuraram a cidade por sua infra-estrutura (rodovias e o aeroporto internacional de Viracopos) e pelo
custo menor da mão-de-obra.
As multinacionais, diz Garcia,
não interagem com o ambiente
tecnológico da região. Ele acrescenta que existem políticas de financiamento para as pequenas
firmas tecnológicas, mas falta cultura de inovação a elas.
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