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São Paulo, domingo, 23 de fevereiro de 2003


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Crise prolongada força redução nas margens de lucro e inviabiliza a entrada de "amadores"

Turismo não é mais para pequenos

FREE-LANCE PARA A FOLHA

O setor de turismo no Brasil vem amargando uma dura crise já há quatro anos. Desde janeiro de 1999 -época da desvalorização do real e do fim da paridade da moeda em relação ao dólar-, o intenso fluxo de brasileiros cruzando as fronteiras do país diminuiu dramaticamente.
Para piorar, os atentados de 11 de setembro de 2001 derrubaram o número de excursões destinadas aos Estados Unidos. Mais recentemente, a ameaça de uma guerra contra o Iraque exerce o mesmo efeito recessivo.
Segundo o presidente em exercício da Abav (Associação Brasileira das Agências de Viagens), Antônio Azevedo, esse cenário negativo inviabiliza a entrada de pequenos investidores no ramo. "Se o investidor for muito pequeno, eu diria que, hoje, o turismo é um negócio ruim", declara.
Dados da Embratur ilustram o problema. Em 1998, considerado o "ano de ouro" do segmento, o número de saídas de brasileiros do país foi de 4,17 milhões. Em 1999, a quantidade caiu para 2,82 milhões de saídas e, em 2002, atingiu o recorde negativo de 1,8 milhão de excursões internacionais.
Também houve queda no volume de dinheiro movimentado. Em 2000, o turismo internacional gerou US$ 4,2 bilhões de receita. Em 2002, US$ 3,1 bilhões.
Se antes o "filé mignon" dos agentes era o turismo internacional, hoje a situação também se inverteu. Segundo Azevedo, até 80% das receitas do setor provêm de viagens domésticas.

Fama
Para Azevedo, a falência da Stella Barros não deve sufocar ainda mais o mercado. "O impacto foi pequeno. A empresa já tinha reduzido o número de clientes [30 passageiros foram prejudicados pela bancarrota], e a repercussão foi mais pela fama da marca."
"A falência assusta, mas não chega a afetar diretamente os negócios", avalia a gerente de franquias da Experimento, Cláudia Ridolfi. A marca tem oito franquias e pretende abrir mais duas neste ano. "O ritmo está bastante cauteloso. Não podemos abrir uma franquia que feche rápido e enfraqueça a rede", diz.
Já a Central de Intercâmbio, com 17 franqueadas, não pretende se expandir em 2003. "A situação de mercado não motiva a abertura de lojas", afirma o proprietário, Celso Garcia. Para crescer sem precisar da estrutura de mais lojas, a operadora optou por licenciar só os agentes de viagens.



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