São Paulo, domingo, 23 de julho de 2006

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HORTIFRÚTIS À VISTA

Seção de FLV requer gestão especializada em perecíveis

Preço não deve ditar aquisição pelo varejo de frutas, legumes e verduras

Renato Stockler/Folha Imagem
Nascido na década de 70 como uma barraca de frutas, o supermercadoVaranda apostou na qualidade e no frescor dos produtos para cativar a clientela

DENISE BRITO
COLABORAÇÃO PARA A FOLH

A Na hora da compra de frutas, legumes e verduras (FLV), o paulistano ainda tem nas feiras livres e sacolões o seu local predileto. Dados do instituto Latin Panel apontam que 48% dos consumidores se abastecem nesses canais, enquanto outros 40% preferem supermercados. Comparado às tradicionais feiras livres, o supermercado oferece confortos como estacionamento, ar-condicionado e facilidades de pagamento.
Há 20 anos, os produtos FLV representavam 2% da receita dos supermercados -hoje, são 6,4%. Esse crescimento decorre dos investimentos que os supermercados têm feito para conquistar a clientela de FLV.
Há motivos para isso: a seção exerce forte influência na escolha da loja. Além disso, o cliente que entra no supermercado para comprar hortifrútis acaba gastando com outros produtos mais20%dovalorda compra.
Mas, apesar de a procura ter crescido nos últimos anos, esses itens, por serem muito perecíveis, desafiam a eficiência do varejo de auto-serviço.
"A área de FLV ainda carece de padronização, e é difícil 'bater' a feira em qualidade",diz o consultor Antonio Carlos Ascar.

Custo x qualidade
Ao contrário dos resistentes produtos industrializados, as FLVs demandam mão-de-obra especializada tanto para a compra direta dos fornecedores como para as demais etapas.
Mas há preocupação excessiva em baixar custos em detrimento da qualidade, um traço da cultura de um setor que vive em constante guerra de preços.
"Somos um canal de venda importante, não o melhor", admite Antonio Daas, diretor da Apas (Associação Paulista de Supermercados). "A cultura do preço e a massificação dificultam o controle de qualidade."
Para o engenheiro agrônomo da Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo) Gabriel Bitencourt, o comprador de supermercado carece de conhecimento sobre a categoria e elege preço e aparência externa como fatores principais para decidir a compra."
Muitas vezes, ele vira o escoador do pior produto", diz.

Fornecedores próprios
Percebendo a importância da seção de FLV na escolha da loja pelo cliente, a rede de supermercados Confiança, com quatro Lojas em Bauru (SP), investe no desenvolvimento de fornecedores locais a fim de garantir o abastecimento das lojas com diversidade e qualidade.
Hoje a rede é considerada referência, e 11% da receita vem de FLV. Ao menos 14 produtores regionais de legumes e hortaliças foram capacitados na parceria. Eles recebem investimentos para manter uma estrutura adequada à continuidade de fornecimento. "Aumentaram a clientela e a procura por uma variedade maior de itens", diz Frederico Santarosa.


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