São Paulo, domingo, 24 de novembro de 2002


Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ANÁLISE

Voluntariado precisa crescer mais entre jovens, defende Milú Villela

DA REDAÇÃO

Nunca se falou tanto de temas como terceiro setor e voluntariado no Brasil, sobretudo após a ampla divulgação ocorrida em 2001, escolhido como o Ano Internacional do Voluntariado. Mas como manter o ritmo de crescimento dessas ações e ainda criar uma cultura de responsabilidade social a longo prazo?
Na avaliação da empresária Milú Villela, presidente do Instituto Faça Parte, a resposta a essa pergunta está no trabalho direto com alunos de escolas particulares e, principalmente, públicas, em todos os Estados brasileiros. O Faça Parte foi criado neste ano com o objetivo de dar continuidade à estrutura gerada pelo Comitê do Ano Internacional do Voluntariado, também presidido por Villela.
Para isso, a entidade idealizou o programa "Jovem Voluntário Escola Solidária", a fim de estimular estudantes a se tornarem voluntários. A seguir, conheça algumas das idéias do programa e também os principais trechos da entrevista de Milú Villela à Folha.

JOVEM VOLUNTÁRIO - A decisão de centralizar nas escolas o foco gerador de empreendimentos sociais é estratégica, segundo a presidente do Faça Parte. "O jovem é nosso presente e futuro. Há um número grande de potenciais voluntários que vão introjetar o conceito de responsabilidade social desde o começo da vida e nunca mais vão parar", acredita Villela.
O programa já apresentou resultados satisfatórios, acrescenta: "Já atingimos cerca de 8 milhões de alunos e, com o apoio de diversos órgãos de educação, a aceitação das escolas vem sendo boa".

ASSISTENCIALISMO - Milú Villela destaca ainda a importância do engajamento no terceiro setor e diz que o "assistencialismo deve ser combatido". "Esse termo é coisa do passado. O terceiro setor tem de ser engajado, como nos anos 60 e 70, quando havia um comprometimento político. Agora é a hora da militância social."

LULA - A expectativa da empresária em relação ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva é positiva. "Ele vai querer a participação de todos e deve fazer um governo mais voltado ao social." Para ela, a própria vitória de Lula mostra que o país está preparado para desenvolver o conceito de voluntariado: "O fato de o elegermos por sua história de vida mostra que estamos engajados para ter um Brasil melhor e mais justo".

ECONOMIA - O contexto conturbado da economia brasileira e mundial não deve afetar as iniciativas do terceiro setor, na opinião de Villela. "A economia não rege o país. Achamos que sem educação não podemos chegar à economia. As empresas vêm respondendo bem aos projetos sociais e, mesmo em situação difícil, sabem a importância dessas iniciativas."

MICROEMPRESAS - "As micro e médias empresas são mais conscientes e podem ter um papel essencial no trabalho voluntário", afirma Villela. A sugestão seria aproveitar o menor porte para selecionar os funcionários, que, então, "escolhem a tarefa que gostariam de fazer, na creche, no hospital ou na praça, doando parte do tempo de seu trabalho".


Texto Anterior: Projetos vão de custo zero a R$ 1 mi
Próximo Texto: Estratégia: Só enfeite não eleva lucros no Natal
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.