BRUNO LIMA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Sem recursos para divulgar seus produtos e serviços em anúncios de jornal, rádio e televisão, pequenas empresas apostam na criatividade para se apresentar ao cliente quando ele menos espera.
Vale anúncio no banheiro, conversa de comadre, receita de médico, imitação do concorrente, faixa no sinal fechado, patrocínio de atletas iniciantes e doação de produtos a artistas.
"Na hora de secar as mãos, não tem jeito. O cliente acaba vendo o anúncio", diz Gabriel Pires de Amorim, 45, proprietário da escola Templo Shaolin, que oferece aulas de kung fu e tai chi chuan e anuncia em dez secadores automáticos de mãos em shoppings de São Paulo. Quando o aparelho é usado, ilumina o anúncio, exibindo foto e telefone da empresa.
O gasto mensal é de R$ 70 por aparelho. Ele não fez contas exatas, mas diz que a empreitada já rendeu pelo menos dez novos alunos, que devem ficar de dois a três anos na academia. Amorim conta que, depois do luminoso colocado na porta do estabelecimento, do site da empresa na internet e do anúncio nas páginas amarelas da lista telefônica, a publicidade nos banheiros foi a ação que mais atraiu alunos para a academia.
"Outros tipos de propaganda que fiz, como anúncios em revistas de bairro, não deram resultados positivos", revela ele. "O pessoal acha engraçado, mas quem se interessa vem logo. O anúncio atinge em cheio quem está procurando [aulas de kung fu]. Os outros ficam conhecendo."
O restaurante Bello Bello, na zona oeste de São Paulo, investiu cerca de R$ 10 mil na criação do Espaço Soneca, local do estabelecimento onde os clientes, depois de comer, podem descansar ou fazer a sesta. O espaço fica no andar inferior do restaurante, e a expectativa de aumento de clientes é de 30%. Um casal usando pijamas e pantufas chegou a ser contratado para promover a novidade.
O marketing alternativo também serve para complementar estratégias de promoção de produtos. No caso da Stevita, que produz e comercializa adoçantes feitos com a planta stevia, a estratégia é sensibilizar médicos endocrinologistas, a exemplo do que fazem os grandes laboratórios farmacêuticos, para que recomendem o produto a seus pacientes.

Giro pelo país
Na Paraíba, para conquistar mercado, a estratégia de Hênio Régis, 36, dono da fábrica de sorvetes Buon Gelatto, foi uma única faixa e um belo preço. Enquanto os concorrentes vendiam a lata de dez litros por R$ 25, o empresário usou a faixa para avisar que cobrava R$ 9,60, mantendo a margem de lucro em torno dos 20%.
Depois, resolveu entrar no mercado de miniporções, com picolés e sorvetes em potinhos: formatou freezer e cartazes, seguindo o modelo das grandes Nestlé e Kibon.
No Espírito Santo, o empresário Fabiano Zumach, 27, dono da pequena fábrica Andrajos Jeans, conta que, pretendendo exportar, anunciou em veículos de comunicação nos EUA. "Não deu certo, não tive retorno", diz. Agora, ele aposta em uma estratégia simples: há cerca de três meses criou versões do site da empresa em inglês e em espanhol. "Já estou recebendo propostas por e-mail", revela.
Em Roraima, os produtores do arroz Itikawa contaram com a ajuda da família para conquistar os supermercados. "Com muita insistência consegui que colocassem meu produto no corredor. Não era nem na prateleira", conta a empresária Isabel Itikawa, 45.
O passo seguinte foi avisar a família para espalhar a "fofoca", mas sem dizer que o arroz era de parentes. "Itikawa é o sobrenome do meu marido. Meus 11 irmãos e nossos amigos saíram dizendo que haviam experimentado um arroz muito bom e indicando onde comprar", conta ela.
Outra ousadia que, segundo a empresária, deu certo, foi a instalação de sua usina em frente ao beneficiamento do maior produtor de arroz de Roraima. "Marcamos presença", afirma ela.
Em Minas Gerais, a Maleteria Cláudia Farah, que fabrica bolsas, malas e pastas, escolheu como estratégia presentear artistas. A idéia é que os famosos circulem com os produtos em festas e em programas de TV. Nesta semana, a empresa define presentes para atores do elenco da novela Celebridade, da Rede Globo.


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