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"MADE IN BRAZIL"
Falta de demanda, para micro, e burocracia, para pequena, atravancam comércio exterior
Política de câmbio é a maior queixa
DA REPORTAGEM LOCAL
A valorização cambial brasileira é apontada como uma das
maiores barreiras à exportação.
A política de câmbio foi neste
mês duramente criticada pela
CNI (Confederação Nacional
da Indústria), que atribui principalmente a isso a redução de
micro e pequenas empresas exportadoras brasileiras no cenário internacional. Em 2004, segundo o estudo da entidade,
eram 2.884 firmas que exportavam até US$ 100 mil anuais. No
ano passado, foram 2.206.
A fábrica Balas Juquinha está
no rol das que criticam o câmbio. Em 2005, por conta da variação cambial, segundo a empresa, a produção foi reduzida.
"Se antes eu fabricava 300
toneladas por mês de balas e pirulitos e exportava para 52 países, hoje produzo a metade,
com menos funcionários e menos dinheiro", afirma Giulio
Sofio, diretor da empresa.
No estudo feito pelo engenheiro Fernando Ruiz, as pequenas também creditam à
burocracia as barreiras para
conquistar o mercado externo.
"Os obstáculos não variam
muito entre as firmas, mas a
percepção que se tem deles,
sim. Daí a importância de o governo informá-las", diz Ruiz.
Segundo ele, a microempresa
tende a ser mais jovem e ter
menos experiência que a pequena. "E isso conta muito
quando se fala em exportação."
O gerente do departamento
de comércio exterior da ACSP
(Associação Comercial de São
Paulo), Sidney Docal, concorda
que a carência de dados do
mercado externo e as condições internas para a exportação
bloqueiam a participação das
firmas menores no exterior.
"Muitos não sabem como exportar. Não incluem empresa
de representação ou consórcio
entre as possibilidades", avalia.
Passo para trás
Para a Navita, empresa de soluções para gestão de conteúdo,
a demanda existia. No começo
de suas atividades, foi indicada
por um cliente para uma instituição de ensino holandesa.
Nos quatro meses de duração
da atividade, o diretor de projetos da empresa, Fábio Nunes,
diz ter se deparado com algumas dificuldades. "Vimos que
não estávamos estruturados
para atender clientes de outros
países em escala", explica ele,
lembrando que tiveram de trabalhar em turnos diferentes
por causa do fuso horário -o
que gerou aumento nos custos
de infra-estrutura da empresa.
A solução, de acordo com o
executivo, foi "dar um passo para trás", na tentativa de estruturar melhor a empresa para
atender clientes estrangeiros.
"Não ganhei nem perdi com a
operação. Mas vi que se a prestação de serviço não for de alta
qualidade, a empresa pode
comprometer sua imagem lá
fora", complementa.
(RB)
Colaborou CAROLINA NOMURA
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