São Paulo, domingo, 28 de maio de 2006


Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

"MADE IN BRAZIL"

Falta de demanda, para micro, e burocracia, para pequena, atravancam comércio exterior

Política de câmbio é a maior queixa

DA REPORTAGEM LOCAL

A valorização cambial brasileira é apontada como uma das maiores barreiras à exportação. A política de câmbio foi neste mês duramente criticada pela CNI (Confederação Nacional da Indústria), que atribui principalmente a isso a redução de micro e pequenas empresas exportadoras brasileiras no cenário internacional. Em 2004, segundo o estudo da entidade, eram 2.884 firmas que exportavam até US$ 100 mil anuais. No ano passado, foram 2.206.
A fábrica Balas Juquinha está no rol das que criticam o câmbio. Em 2005, por conta da variação cambial, segundo a empresa, a produção foi reduzida.
"Se antes eu fabricava 300 toneladas por mês de balas e pirulitos e exportava para 52 países, hoje produzo a metade, com menos funcionários e menos dinheiro", afirma Giulio Sofio, diretor da empresa.
No estudo feito pelo engenheiro Fernando Ruiz, as pequenas também creditam à burocracia as barreiras para conquistar o mercado externo.
"Os obstáculos não variam muito entre as firmas, mas a percepção que se tem deles, sim. Daí a importância de o governo informá-las", diz Ruiz.
Segundo ele, a microempresa tende a ser mais jovem e ter menos experiência que a pequena. "E isso conta muito quando se fala em exportação."
O gerente do departamento de comércio exterior da ACSP (Associação Comercial de São Paulo), Sidney Docal, concorda que a carência de dados do mercado externo e as condições internas para a exportação bloqueiam a participação das firmas menores no exterior. "Muitos não sabem como exportar. Não incluem empresa de representação ou consórcio entre as possibilidades", avalia.

Passo para trás
Para a Navita, empresa de soluções para gestão de conteúdo, a demanda existia. No começo de suas atividades, foi indicada por um cliente para uma instituição de ensino holandesa.
Nos quatro meses de duração da atividade, o diretor de projetos da empresa, Fábio Nunes, diz ter se deparado com algumas dificuldades. "Vimos que não estávamos estruturados para atender clientes de outros países em escala", explica ele, lembrando que tiveram de trabalhar em turnos diferentes por causa do fuso horário -o que gerou aumento nos custos de infra-estrutura da empresa.
A solução, de acordo com o executivo, foi "dar um passo para trás", na tentativa de estruturar melhor a empresa para atender clientes estrangeiros.
"Não ganhei nem perdi com a operação. Mas vi que se a prestação de serviço não for de alta qualidade, a empresa pode comprometer sua imagem lá fora", complementa. (RB)


Colaborou CAROLINA NOMURA


Texto Anterior: 5 razões: Que levam a pequena empresa a exportar
Próximo Texto: Documentos e promoção são dúvidas
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.