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Lente Vamos falar sobre sexo A linguagem do amor é diferente de um lugar para outro O sexo faz todo mundo falar, e pensar (principalmente sobre sexo). Como as diferentes culturas reagem é o que nos diferencia. Aliaa Magda Elmahdy disse que estava promovendo a igualdade sexual e a livre expressão no Egito quando publicou fotos dela mesma nua online, em outubro. Em vez disso, provocou uma onda de revolta, recebeu milhares de comentários negativos e ameaças de morte. Apesar do tumulto, ela continuou desafiando e falou abertamente sobre as questões do sexo e sexismo na sociedade egípcia. Elmahdy pode ter um espírito irmão em Gary Chapman, um pastor batista do sul dos Estados Unidos de 73 anos e autor do fenômeno de vendas Five Love Languages [Cinco linguagens do amor], que já vendeu 7,2 milhões de exemplares. Chapman fala abertamente sobre o que ele chama de "grande trapaça sexual" do cristianismo. "É a ideia de que os bons cristãos não falam sobre sexo", ele disse a uma plateia de mil pessoas em uma conferência em uma igreja perto de Nashville, relatou o Times. "Pelo menos não em voz alta e certamente não na igreja. Eu quero dizer que ambas essas ideias são falaciosas." O doutor Chapman baseia sua interpretação da religião e do sexo no robusto apoio da Bíblia ao sexo conjugal. A chave para um relacionamento mais saudável é aprender a falar a linguagem do amor de seu parceiro, prega Chapman, que é diferente para homens e mulheres e inclui palavras de afirmação, presentes, atos de serviço, tempo de dedicação e toque físico. Talvez Chapman devesse levar suas lições de amor e casamento para a Praça Tahrir. "A maioria dos egípcios é sigilosa sobre o sexo porque eles são criados pensando que o sexo é algo ruim e sujo, e não se fala sobre ele nas escolas", disse Elmahdy em uma entrevista à CNN. "Para a maioria, o sexo é simplesmente um homem usando uma mulher sem comunicação entre eles, e os filhos são apenas uma parte da equação." O Egito não é o único país onde a educação sexual nas escolas é deficitária. Exceto por alguns programas que discutem sexo com surpreendente franqueza, os adolescentes americanos hoje ouvem basicamente: não faça. Ao contrário dos programas de educação sexual mais abrangentes dos anos 1970 e 80, que foram vítimas do debate conservador-liberal nos Estados Unidos, os adolescentes hoje em dia são ensinados que a abstinência até o casamento é a única opção aceitável, que os anticoncepcionais não funcionam e que o sexo pré-marital é física e emocionalmente prejudicial. Eles também são informados de que se você precisa fazer sexo há maneiras de se proteger da gravidez e de doenças, o que os educadores sexuais chamam de "prevenção de desastres". Em um vídeo chamado "Não Há Segunda Chance", usado em cursos pró-abstinência, uma estudante americana pergunta a uma enfermeira de escola: "E se eu quiser fazer sexo antes de me casar?" A enfermeira responde: "Bem, acho que você terá de se preparar para morrer". A Suécia tem uma abordagem radicalmente diferente da educação sexual. Em seu livro de 2006, "When Sex Goes to School" (Quando o sexo vai à escola), Kristin Luker conta que visitou aulas de educação sexual na Suécia e ouviu surpresa a resposta de um instrutor à pergunta "O que é um orgasmo e por que as pessoas falam tanto sobre isso?" "O orgasmo é o momento de maior prazer durante o sexo", respondeu o professor, "e é por isso que as pessoas falam tanto sobre ele." Quando Luker ouviu um professor americano responder a essa pergunta, ele explicou as fases da excitação sexual. "Enquanto o instrutor falava sobre a fase de excitação, a fase platô e a fase de resolução, praticamente nesses termos", escreveu Luker, "eu percebi que aquele educador sexual tinha feito algo notável: transformou o sexo em uma coisa entediante." TOM BRADY Envie comentários para nytweekly@nytimes.com Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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