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New York Times

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Disco celebra a parceria entre Elton John e letrista

Por JAMES C. McKINLEY Jr.

A parceria começou com um anúncio publicado numa revista inglesa de música em 1967. A gravadora Liberty Records procurava letristas, e Bernie Taupin, trabalhador agrícola e poeta amador de Lincolnshire, enviou uma pasta de letras. Mais ou menos na mesma época, um jovem e frustrado pianista de blues chamado Reg Dwight fez um teste para uma gravadora. Um executivo lhe jogou uma pilha das letras de Taupin e disse: "Veja o que consegue fazer com isso".

Desde então, Taupin e Dwight, que mais tarde se tornaria Elton John, já compuseram dezenas de canções de sucesso, criaram mais de duas dúzias de álbuns e venderam 250 milhões de discos. Sua criação mais recente é "The Diving Board", coleção enxuta de canções sóbrias, com destaque para o piano, que falam das dores emocionais que acompanham o envelhecimento. Críticos consideram o álbum o melhor trabalho de Elton John em décadas.

Taupin e Elton John sempre trabalharam separadamente. As canções deles começam como meditações poéticas de Taupin, inspiradas por algum fato da vida dele ou alguma coisa que ele leu.

Taupin trabalha durante semanas em seu rancho de criação de cavalos na Califórnia e entrega as letras a Elton John, que apoia as partituras sobre o piano e então, com rapidez espantosa, cria melodias e harmonias para as letras. "É um pouco estranho", disse John. "Se leva mais de 40 minutos, fico entediado."

Seu estilo de composição pode ser rápido e livre, mas é eficaz. Nos anos 1970 e 1980, a dupla Elton John-Bernie Taupin foi uma verdadeira máquina de criar sucessos: "Your Song", "Rocket Man", "Daniel", "Crocodile Rock", "I Guess That's Why They Call It the Blues", "Candle in the Wind".

Embora essas canções tenham acabado por ser associadas a Elton John, na realidade nasceram do intercâmbio entre duas personalidades muito distintas: um letrista rústico e heterossexual que aprecia a solidão, o oeste americano e a criação de cavalos, e um roqueiro gay e urbanóide que gosta de roupas chamativas e adora estar sob os holofotes.

"Se tivéssemos personalidades iguais, não sei se nossa parceria teria sobrevivido", disse Taupin.

Elton John, 66, disse que há muito tempo percebeu que não tem talento para escrever letras, mas que as imagens propostas por Taupin sempre têm o efeito de fazer surgir melodias em sua mente.

"The Diving Board" é o primeiro álbum solo de estúdio feito por John desde 2006 com Taupin como letrista. O disco foi produzido por T Bone Burnett, que convenceu Elton John a voltar a um som enxuto, deixando o piano dominar os arranjos. Depois de um telefonema de Elton John, Taupin começou a trabalhar sobre as letras seis meses antes de John ir para o estúdio para compor e gravar, em 2012.

Leitor voraz, Bernie Taupin, 63, sempre tira ideias da história e de biografias. "Ballad of Blind Tom" é um retrato áspero de Thomas Wiggins, compositor e gênio musical negro do século 19 que nasceu escravo. "A Town Called Jubilee" recria uma balada da época da Grande Depressão, e "Oceans Away", dedicada ao pai do letrista, o capitão Robert Taupin, é uma homenagem aos soldados da Segunda Guerra Mundial. A faixa-título, uma balada tristonha, trata da sedução fatal da celebridade, comparando-a ao salto mortal de um trapezista.

Elton John comentou que nunca lê as letras com cuidado antes de ir ao estúdio para compor. "Sempre fico animado quando recebo um novo lote de letras dele, porque não tenho ideia do que será. Não discutimos previamente que direção que deveríamos seguir com este álbum. É realmente uma questão do acaso, do destino."

Pelo fato de as canções começarem com Taupin, existe curiosidade em relação à colaboração dos dois artistas. Muito poucas das canções devem algo à experiência de vida de Elton John, mas é ele quem encarna cenas da vida ou da imaginação de Taupin diante de milhares de fãs. "Saber que eu não estou na canção tem um efeito mágico", disse John.

Quanto a Taupin, ele comentou: "Tenho muita consciência de que as canções vão acabar sendo cantadas por ele. Por isso, o teor das letras não pode ser identificado demais comigo. Tenho consciência de que são palavras que terão que sair da boca dele".


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