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Projetistas de navios de carga usam o vento

Por JOHN J. GEOGHEGAN

Se a frota de navios do mundo fosse um país, seria o sexto maior emissor de gases do efeito estufa. Para reduzir essas emissões -e economizar combustíveis fósseis caros- os projetistas de navios de carga agora estão recorrendo ao vento.

Os novos navios, na maioria ainda nas pranchetas e em protótipos, não se parecem em nada com as escunas e galeões dos séculos passados. Na última primavera, a Universidade de Tóquio revelou um modelo de seu UT Wind Challenger. Ele tem nove mastros, cada um com 50 metros de altura, com cinco velas rígidas feitas de alumínio e plástico reforçado com fibra.

Depois há um cargueiro de 100 metros e 2.700 toneladas que está sendo desenhado pela B9 Shipping, parte do B9 Energy Group, na Irlanda do Norte. Seus três mastros têm 55 metros, a altura de um prédio de 14 andares.

Movido por uma combinação de vento e um motor Rolls-Royce a biogás, ele deverá operar sem combustíveis fósseis.

Um modelo do navio da B9 foi testado em julho. "Os testes foram promissores", disse Diane Gilpin, fundadora e diretora da B9 Shipping.

O passo seguinte, segundo ela, é buscar financiamento para um navio de tamanho real. Ele custaria US$ 45 milhões e levaria três anos para ser construído.

Uma companhia que já está bem além da etapa de projeto é a SkySails. Fundada em 2001 em Hamburgo, Alemanha, ela vende há vários anos sistemas de pipas automáticas para navios de carga.

Parecendo um paraglider gigante, o papagaio da SkySails é lançado da proa do navio, puxando-o para a frente quando o vento é adequado. A empresa diz que, dependendo das condições do vento, o consumo de combustível pode ser reduzido de 10% a 35%. A SkySails já instalou suas pipas gigantes em seis navios.

Vários fatores estão impulsionando esforços como esses. Desde agosto, os navios em águas norte-americanas devem queimar óleo com baixo teor de enxofre, que custa 60% mais que o combustível comum. A Organização Marítima Internacional da ONU também está implementando restrições às emissões de gases do efeito estufa por navios comerciais.

Enquanto isso, o preço do combustível comum, que responde pela maior parte do custo operacional de um navio, vem aumentando acentuadamente -600 % nos últimos dez anos.

Nenhum dos projetos a vento em consideração substitui um motor de navio, apenas o complementa.

O vento também não é prático para navios maiores, como os que transportam contêineres, que navegam a mais de 15 nós e precisam do espaço no convés para a carga. Mas é adequado para navios menores e mais lentos, de até 9.100 toneladas -que representam 10 mil navios, um quinto da frota mundial de cargueiros.

A tecnologia eólica ainda tem pela frente uma acentuada curva de desenvolvimento até que a indústria esteja pronta para adotá-la. E também há enormes obstáculos. A maioria dos setores da indústria naval está perdendo dinheiro, por isso não é uma época ideal para lançar novas tecnologias.

Craig Eason, editor de tecnologia do jornal de navegação Lloyd's List, disse: "Ainda é uma incógnita se esses projetos vão provar que são empreendimentos de sucesso".

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