São Paulo, segunda-feira, 01 de agosto de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Roqueiros acham filão biográfico

Por JULIE BOSMAN
Quando Sammy Hagar apareceu em março na Left Bank Books, em St. Louis (Missouri), não era uma sessão de autógrafos típica. Hagar, ex-vocalista do Van Halen, começou a beber tequila assim que o evento começou. A polícia fez a segurança. E funcionários pediram às fãs que não levantassem a blusa diante do autor.
Tais são os perigos de trabalhar com as lendas do rock que se dispõem a colocar suas vidas no papel -um grupo que inclui o guitarrista dos Rolling Stones, Keith Richards; Ozzy Osbourne, do Black Sabbath; Pete Townshend, do The Who; e Patti Smith, pioneira do punk.
Em meio às dificuldades do mercado editorial, o filão das biografias de roqueiros decolou, motivando as editoras a fechar mais contratos com músicos.
"Há um número incomum", disse Ed Victor, agente literário de Richards. "E isso porque houve alguns muito bem-sucedidos, e as pessoas querem copiar."
"Vida", a autobiografia de Richards, faturou mais de US$ 7 milhões, foi elogiada pela crítica e passou 22 semanas na lista de best-sellers em capa dura do jornal americano "The New York Times". A autobiografia de Steven Tyler, vocalista do Aerosmith, teve tanto sucesso na fase de pré-vendas que sua editora, a Ecco, precisou encomendar mais seis reimpressões ainda antes do lançamento, em maio.
"Parece que o Hall da Fama do Rock está inteiro sentado na frente do computador", disse David Hirshey, editor da HarperCollins, que acaba de adquirir os direitos do livro de Townshend.
Editores e agentes literários dizem que esse grande lote de autobiografias roqueiras pode ter se materializado não só por nostalgia mas também porque muitos artistas estão alcançando o crepúsculo das suas carreiras.
"Há uma geração de titãs que está olhando para trás e percebendo que suas histórias ainda serão contadas", disse Michael Pietsch, editor da Little, Brown.
Muita gente que viveu o auge da fama nas décadas de 1980 e 1990 chegou a uma idade natural para escrever um livro de memórias, disse Mauro DiPreta, editor-associado da ItBooks. "Eu acho que é por isso que essa é uma categoria emergente."
Townshend, por exemplo, começou a escrever sua biografia nos anos 90, mas abandonou-a devido a discordâncias com sua editora sobre os rumos do livro. Recentemente, ele fechou contrato com a HarperCollins.
"Eu me vejo mais como um escritor do que como qualquer outra coisa", disse Townshend, que trabalhou como editor de livros. Talvez mais do que em outras biografias, as dos músicos contêm drama, disse Stacy Creamer, editora da Touchstone. "Com o pessoal da música, sempre haverá uma árdua escalada até o topo", disse ela. "Há tentações ou coisas a superar quando você tiver muito sucesso. Em seguida, a banda se desfaz. Todo o arco da história acaba por ser fascinante."
O dinheiro pode ser um fator importante, especialmente quando os adiantamentos chegam aos milhões. "Para os caras que estão agora na faixa dos 60 anos, eles estão vendo grandes pagamentos", disse Daniel Halpern, presidente e editor da Ecco. "É também o legado deles. Eles querem que saia antes de eles irem embora."


Texto Anterior: Gente alienada em constante movimento
Próximo Texto: Casa half-pipe é o sonho dos skatistas
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.