São Paulo, segunda-feira, 01 de novembro de 2010

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Restaurantes têm "sommelier virtual"

Carta de vinhos digital deixa cliente mais confiante

Por KEVIN SACK
ATLANTA - Na Bone's, a churrascaria mais venerável de Atlanta, os garçons agora recepcionam os clientes entregando-lhes um iPad no qual constam descrições detalhadas e notas de 1.350 marcas de vinho disponíveis na casa.
As maquininhas fascinaram os consumidores.
E, para surpresa dos donos, a venda de vinhos disparou da noite para o dia.
Outros restaurantes que fazem experiências com cartas de vinhos no iPad, seja em Sydney, Londres ou Nova York, relatam resultados semelhantes.
Esse recurso parece gerar um maior interesse por vinhos e escolhas mais confiantes.
"Eu senti como se tivessem me passado o gabarito da prova", disse Bradley Kendall, cliente do Bone's que recentemente usou o iPad para escolher um cabernet franc Corté Riva 2005 por US$ 102, cerca de 25% a mais do que seu orçamento habitual.
Kendall afirmou que as notas que ele encontrou no iPad -dadas pelo crítico Robert Parker Jr.- transmitiram credibilidade.
Alguns usuários dos iPads preveem a extinção gradual da carta de vinhos com capa de couro.
"Se fizerem um que consiga abrir uma garrafa de vinho, vou ficar morrendo de medo", disse Fred Dame, um dos 105 mestres sommeliers dos EUA e presidente da Fundação Educacional da Liga de Sommeliers.
A Incentient, empresa de Jericho (Nova York) que produz o software enológico do iPad, já recebeu encomendas de 40 restaurantes, de acordo com Jennifer Martucci, vice-presidente de desenvolvimento, vendas e marketing.
"Restaurateurs-celebridades" como Gordon Ramsay e Todd English estão entre os pioneiros. Alguns restaurantes desenvolveram seus próprios softwares.
"Escolher vinhos é uma tradição antiga", disse Martucci, "mas chegou a hora de melhorarmos a experiência da maneira como estamos acostumados a receber informação hoje".
Susan DeRose, sócia do Bone's, achou inicialmente que "os homens ficariam brincando com ele e não conversariam", mas isso não aconteceu.
Já Bob Reno, o gerente de vinhos da casa, contou que a reação inicial dele e dos colegas foi de cinismo.
"Não queríamos ser substituídos", afirmou.
Mas os garçons logo começaram a apreciar o iPad por sua capacidade de monitorar a atualizar o estoque de 20 mil garrafas. E descobriram que os clientes continuavam pedindo conselhos.
"Com a informação no equipamento, eles parecem mais aptos a experimentar com a compra de varietais diferentes ou fora da sua faixa de preços", afirmou Reno.
"Fico impressionado, perplexo, mas eles parecem confiar mais no equipamento do que em mim, e são pessoas que eu atendo há dez anos."
A Bone's comprou 30 iPads por US$ 499 cada. Richard Lewis, sócio da casa, disse que até agora nenhum foi furtado. "Ainda estamos preocupados", disse ele, "sobre se é possível controlar a tecnologia sem que ela controle você".


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